Amigos,
Hoje sou psicólogo, mas fui um dos primeiros funcionários
na construção civil da UNICAMP onde ela se situa hoje,
que começou a ser construída por volta de 1969, pelo
prédio básico e a reitoria e onde hoje é a
secretaria geral.
Dobrei
cada ferro das fundações deste prédio.
A construtora
responsável se chamava ARESTA. Naquele tempo, área
era um grande canavial e para vir de Barão Geraldo até
o local era via carreadores.
Na
região onde hoje é o shoping e o MacDonald há
um pequeno rio e para passar sobre ele nos dias de chuva, nós
tirávamos a roupa e amarrávamos a roupa e a marmita
de almoço na cabeça e passava com as águas
pela cinturas, às vezes à nado.
Eu
que recentemente tenho sido homenageado pelo Jornal Correio com
matérias sobre a adoção de um abacateiro de
onde retirava frutos para me alimentar nos tempos difíceis,
estou á disposiçao para depoimentos históricos
se for o caso. Embora a construtora Aresta não tenha pago
integralmente seus funcionários na ocasião, ou os
"gatos" e empreiteiros não nos tenham repassado
o dinheiro, agora que a maioria já não estão
mais entre nós, isto pouco se importa. "Poeiras ao vento"...
Embora
eu tenha tentado várias vezes tentado entrar para a pós-graduacão
na Universidade e nunca tenha conseguido, venho superando dificuldades
e galgando uma certa evolução excluído do usofruto
dela. Gostaria de lamentar e enfatizar que me sinto honrado assim
mesmo e o meu único sonho teria sido "ser admitido para
fazer pós-graduação em Filosofia" nela.
Assim, eu me sentiria recompensado pela minha dedicação.
Para
mim, independente de qualquer coisa, foi uma honra ter sido um dos
funcionários anônimos na construção da
UNICAMP, embora, por razões ideológicas, tenha sentido
que construí uma universidade para os outros, mas as portas
dela sempre estiveram fechadas para mim.
Mesmo
assim, que a UNICAMP seja cada vez mais um exemplo de justiça
e um celeiro de conhecimentos!
José
Carlos Vitor Gomes, operário pioneiro da construção
da Unicamp.