A
intervenção
De
meados de 1981 ao início de 1982 a Unicamp passou por
um período de grave crise institucional que ficou conhecido
como "A Intervenção".

Entenda melhor o que foi esse período da estória
da universidade, através da cronologia a seguir, ilustrada
com documentação da época selecionada
pelos arquivistas do Arquivo Central.
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16
jun 81 O Conselho Diretor da Universidade aprova uma consulta
à comunidade para a elaboração de uma lista
sêxtupla, com votos proporcionais de professores, alunos
e funcionários.  |
15
set Lista dos reitoráveis
é submetida ao Conselho Diretor em reunião.  |
17
set O Diretório Central dos Estudantes e a Associação
dos Docentes da Unicamp, promoveram um debate (o primeiro) com
os reitoráveis
sobre o processo de escolha do novo reitor da Universidade, reunindo
milhares de estudantes.  |
10
out. Substituição de seis representantes
do Conselho Diretor por integrantes do Conselho Estadual de
Educação, através de decreto de nomeação,
assinado pelo Secretário da Casa Civil do Governo do
Estado, Calim Eid. 
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16
out. Portaria do Reitor, dispensa de suas funções
oito Diretores de Unidades- candidatos ao cargo de Reitor -,
nomeia oito novos diretores - batizados de interventores pela
comunidade -; e, demite pela CLT quatorze funcionários
integrantes da diretoria da Associação dos Servidores
da Unicamp (ASSUC), inclusive seu presidente, Clóvis
Garcia. 
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19
out. Funcionários da Unicamp, em assembléia,
decidiram pela reativação do movimento de greve,
suspenso na semana anterior; enquanto professores e estudantes
optaram por permanecer em estado permanente de mobilização.
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20.out
Tem início o Processo de Consulta à comunidade
universitária, caracterizado como eleições
diretas, objetivando escolher os seis nomes preferenciais
da comunidade para a substituição do reitor Plínio
Alves de Moraes, cujo mandato se encerra em abril de 1982. 
A
comunidade universitária aguardava para esse dia uma
reunião ordinária do Conselho Diretor, onde teoricamente,
os seis novos representantes deveriam tomar posse (essa reunião
ocorria todas as terças-feiras, às 15:00 horas,
na Reitoria). Temendo que a reunião ocorresse secretamente,
montaram plantão na Reitoria; ao mesmo tempo; 
Os
estudantes fizeram uma passeata desde o Ciclo Básico
e se concentraram em frente ao prédio da Reitoria, onde
aconteceu uma manifestação: realizaram a posse
simbólica dos cinco representantes discentes eleitos
para aumentar a representatividade junto ao Conselho. 
O
Prof. Eduardo Daruge da FOP indicado para substituir
o Prof. Eduardo Chaves na direção da FE -, tomou
posse justamente no momento da realização de uma
assembléia.
Os
alunos organizaram um comitê de recepção
para a posse do Prof. Geraldo Claret de Mello Ayres também
da FOP nomeado para a direção do Instituto
de Química.
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21
out. Comunicado
Oficial da Reitoria da Universidade à comunidade, prestando
esclarecimentos sobre os fatos ocorridos.

Toma
posse o Prof. Paulo de Toledo Artigas, Biólogo aposentado
pela USP e professor do Departamento de Parasitologia da Unicamp,
nomeado para a direção do IFCH. 
Manifestação
no centro de Campinas aproximadamente 3.000 pessoas,
compostas por professores, funcionários e alunos da Unicamp
e PUCC, pararam o trânsito da Av. Francisco Glicério,
entoaram o Hino Nacional, a população presente
nas ruas aplaudiu e as pessoas dos prédio fizeram uma
chuva de papéis picados. 
Os
estudantes organizaram as mais variadas demonstrações
de repúdio e protesto à intervenção:
nas árvores em frente aos institutos, cujos diretores
foram exonerados, amarraram vários sacos cheios de papelão
e um cartaz com a seguinte frase: Chute seu interventor.
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22
out. Último dia da Consulta os funcionários
decidiram votar e, em sinal de protesto pela crise, confeccionaram
cédulas com os nomes de seis dos oito diretores exonerados
e votaram em bloco. 
Debate
dos reitoráveis no Ciclo Básico da Unicamp com
o tema A Intervenção na Unicamp);
Para encerramento, o Prof. Rubem Alves apresentou a Fábula
da Institucionalização.
No
IMECC, toma posse o Prof. Frederico Pimentel Gomes, sob forte
manifestação e entre vaias e gritos de fora.
O
Prof. Paulo Artigas, interventor nomeado para a direção
do IFCH, demitiu-se apenas 24 horas depois de ter empossado
o cargo para o qual havia sido designado.
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23
out. Divulgado o resultado do Processo de Consulta à
Comunidade.
A
lista sêxtupla elaborada a partir da consulta realizada
junto à comunidade universitária foi arquivada,
nunca chegou às mãos da Reitoria para ser submetida
ao Governador do Estado de São Paulo, pois no intervalo
de out./81 a fev./82 o Conselho Diretor não foi convocado.
Tomam
posse no Conselho Diretor, o Secretário de Educação
Luís Ferreira Martins -, e os outros cinco representantes
nomeados pelo governador Paulo Maluf.
Os estudantes organizaram uma manifestação com
mais de 300 alunos em frente ao prédio da Reitoria.
Acontece
no Teatro Castro Mendes a Noite em Defesa da Universidade
um Ato Público promovido pela Comissão
de Justiça e Paz aberto pelo Prefeito Francisco
Amaral, contou com a presença de políticos, representantes
de sindicatos e entidades, inclusive escolas e universidades,
jornalistas, médicos, entre outros.
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24
out. O Reitor Plínio Alves de Moraes baixa Portaria
designando o Prof. Ariovaldo Pedro Cobra, como diretor da FEC.
O motivo da designação foi a recusa do Prof. Eduardo
Corona em aceitar substituir o antigo diretor Prof. Maurício
Prates. 
Outra
portaria do Reitor cessando efeitos das designações
dos professores Antônio Soares Amora, Eduardo Corona e
Shigeo Watanabe, os quais recusaram o cargo e nem chegaram a
empossar a direção do IEL, da FEC e do IF, respectivamente.
Liminar
conquistada na Justiça através de mandado impetrado
contra demissão, favorece apenas um funcionário:
Luiz Antônio Vanconcellos (Secretário da ASSUC).
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27
out. Como demonstração de repúdio
a crise na Unicamp, estudantes promovem o Enterro
simbólico do Secretário da Educação,
Luís Ferreira Martins, durante passeata que percorreu todo
o campus.
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28
out. Mais uma renúncia: do Prof. Eduardo Daruge,
nomeado para substituir o Prof. Eduardo Chaves da FE. |
29
out. Manifestação no saguão do Paço
Municipal da Prefeitura, reúne cerca de duas mil pessoas
para ouvir os discursos de políticos, líderes sindicais,
estudantes, docentes e funcionários da Unicamp, que protestam
contra a Intervenção do Governo na Universidade.
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30
out. A Reitoria se manifesta publicamente através
do Ofício GR-502/81, no sentido de resolver a crise na
Unicamp, abrindo mão de nomear interventores
e acenando com a proposta de elaboração de listas
nas unidades para a escolha dos novos diretores.  |
02
nov. Mais um interventor renuncia ao cargo: Prof. Geraldo
Claret de Mello Ayres, nomeado pelo reitor para a direção
do IQ. |
03
nov. Três funcionários da Unicamp recebem
liminar na Justiça determinando o retorno ao trabalho a
partir do momento da notificação da mesma pela Reitoria.
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04
nov Objetivando explicar a crise institucional na Universidade,
artigo revela a alusão feita pelo Prof. Zeferino Vaz, ex-Reitor,
sobre a forma como o governo interpretaria os estatutos da Unicamp.
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06
nov Na tentativa de por fim a crise da Unicamp, é
aprovada em assembléia geral, a formação
de uma comissão de negociação, composta por
representantes das entidades de professores, alunos e funcionários.
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17
nov.- A Reitoria propõe o término da intervenção,
sugerindo a substituição dos atuais diretores associados
por professores com titulação mínima de livre
docente concursado.  |
29
nov Mais dois interventores renunciam: os Professores
Ariovaldo Pedro Cobra, da Faculdade de Engenharia e Frederico
Pimentel Gomes, do Instituto de Matemática, Estatística
e Ciência da Computação.
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10.dez
- Através de liminar judicial, o Prof. Eduardo Chaves,
conquista o direito da direção da Faculdade de Educação.
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24
dez Os professores exonerados, André Vilalobos (IFCH),
Ayda Ignez Arruda (IMECC) e Carlos Arguello (IF), também
conquistam na Justiça liminar favorável contra Unicamp.
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30.dez.-
O Reitor responde na Justiça pela exoneração
dos diretores e contrata o jurista e ex-ministro Alfredo Buzaid,
para defesa.
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29
jan Mais dois diretores exonerados são reintegrados
através de liminar favorável conquistada na Justiça
contra Unicamp: os Professores Maurício Prates de Campos
F.º, da Faculdade de Eng.ª Química e Aécio
Pereira Chagas, do Instituto de Química.  |
19
fev.82 O Reitor Plínio Alves de Moraes convocou
o Conselho Diretor para uma Reunião Extraordinária
cujo cômputo principal da Ordem do Dia era a eleição
dos membros para elaboração da Lista Sêxtupla
oficial que seria submetida ao Governador Paulo Salim Maluf. As
representações docente e discente distribuíram
manifestos no decorrer da reunião, os quais foram inseridos
na Ata. O Prof. Eduardo
Chaves apresentou declaração de voto, subscrita
pelos demais conselheiros. Apresentaram também declaração
de voto os representantes docente
e discente.
Em continuação, procedeu-se a votação
entre os membros obtendo-se o resultado, que homologado pelos
membros do Conselho, foram proclamados eleitos para a compor a
Lista
sêxtupla. Na sequência da reunião,
o Prof. Eduardo Chaves apresentou um protesto
por ele formulado. |
19
abr. 82 A lista
sêxtupla foi encaminhada ao Governador do Estado,
Paulo Maluf, tendo sido nomeado para Reitor da Unicamp o Prof.
José Aristodemo Pinotti, o qual empossou a Reitoria da
Unicamp.
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27
abr. 82 Reitor José Aristodemo Pinotti, baixa Portaria
que anula intervenção.
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