Homenagens
ao mito
Martim
Vasques da Cunha, Especial para o Correio
A
inquietação intelectual de Sérgio Buarque
de Holanda pode ser comprovada nos 8.513 livros, 227 títulos
de periódicos, 74 rolos de microfilmes e 600 obras raras
que ele deixou após a sua morte, em 1982, na biblioteca
de sua casa na Rua Buri, no Pacaembu, e que foram comprados
pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) no mesmo ano
para fazer parte da coleção especial da Biblioteca
Central da Universidade. A variedade é imensa: há
desde uma minuciosa seção de literatura universal,
com as obras completas de Goethe e Joseph Conrad, até
uma preciosa estante de livros autografados pelos próprios
autores à Sérgio e também à sua
esposa Maria Amélia o que não é
pouca coisa se sabermos que os autores eram ninguém menos
que Gilberto Freyre, Ariano Suassuna, José Guilherme
Merquior e Antonio Cândido.
A
Unicamp será o centro das homenagens ao centenário
de Sérgio Buarque, com a exposição Sem
Fronteiras, organizada pelo Acervo Arquivo Central e Biblioteca
Central, que mostrará, entre os dias 8 de agosto e 13
de setembro de 2002, parte do acervo do historiador na Unicamp,
apresentando obras raras do século XVI ao século
XX, livros com dedicatórias, fotografias, documentos
Pessoais, móveis e objetos. Além da exposição,
a universidade realizará o seminário O histórico
na literatura e o literário na história de Sergio
Buarque de Holanda, organizado pelo Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas, a ser feito nos dias 9 e 10 de setembro.
Isso sem contar o site na Internet, feito especialmente para
a ocasião, com uma cronologia biográfica baseada
nos apontamentos de Dona Maria Amélia, fotos inéditas,
curiosidades e que pode ser acessado no site: http://www.unicamp.br/siarq/sbh.
A
Universidade de São Paulo também realiza os seus
eventos de comemoração ao seu antigo professor.
Nos dias 26 a 30 de agosto acontecerá o seminário
Novos Caminhos e Fronteiras, feito pelo Departamento de História
da USP e com participação da Orquestra e Coral
da universidade, que farão um concerto de músicas
brasileiras.
Mas
a fama de Sérgio Buarque de Holanda não se estende
apenas no mundo acadêmico. O cineasta Nelson Pereira dos
Santos (Rio 40 Graus, Vidas Secas) está terminando um
documentário sobre a obra do historiador, de título
ainda definido, que abordará não só a repercussão
das idéias lançadas em seus livros e a privacidade
de sua vida familiar, como também o período na
Alemanha, fundamental para o autor de Raízes do Brasil.
O filme será no mesmo formato do trabalho anterior de
Nelson Pereira, uma série de quatro episódios
sobre Gilberto Freyre chamada Casa-Grande & Senzala e que
foi exibida no canal a cabo GNT, e terá depoimentos inéditos
do filho mais famoso de Sérgio, Chico Buarque, e da viúva
Dona Maria Amélia.
A
homenagem mais recente veio da pena da prefeita de São
Paulo, Marta Suplicy. No último dia 11, ela assinou um
decreto determinando que a casa na rua Buri, no Pacaembu, onde
a família Buarque de Holanda viveu por 25 anos, é
um bem de interesse público. É o primeiro passo
para a desapropriação do imóvel, que vai
custar R$ 400 mil, para transformá-la na Discoteca da
Música Brasileira, espaço de pesquisa que reunirá
o acervo da Discoteca Oneyda Alvarenga. A cerimônia teve
a presença da filha Ana Maria de Holanda e da própria
prefeita, que assopraram velas no formato do número 100,
referência ao centenário do historiador.
FONTE:
Correio Popular
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