#NossosCientistas


As publicações do eixo #NossosCientistas têm como objetivo trazer indícios a respeito da trajetória científica e de ensino de alguns docentes e pesquisadores que atuaram e/ou atuam na Universidade. Fotografias, reportagens, artigos científicos estão entre os documentos custodiados pelo AC/SIARQ e que permitem lançar luz sobre a contribuição de tais indivíduos em suas respectivas áreas de atuação, trajetórias intelectuais, além das relações estabelecidas com instituições, para além da própria Unicamp.


johnmon1JOHN MONTEIRO

O historiador e antropólogo John Manuel Monteiro (1956-2013) foi professor do Departamento de Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp. Nascido nos Estados Unidos, John migrou para o Brasil e aqui constituiu família, escreveu livros e deixou um importante legado, graças a sua ampla pesquisa documental nas Américas, Europa e Índia. Doutor em história da América Latina, deu aulas na Universidade da Carolina do Norte (EUA) e na Unesp, também foi pesquisador do Ceprap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento).

Desde a consagrada obra “Negros da Terra: Índios e Bandeirantes nas Origens de São Paulo” (1994) John foi referência na historiografia e no indigenismo, além de reunir trabalhos produzidos por historiadores em todos os pontos do território e difundir esse conhecimento por meio de eventos, documentários,  livros e uma base de dados disponível para acesso público. Sua linha de pesquisa na Unicamp, onde ingressou em 1994, foi interdisciplinar o que permitiu novas compreensões sobre o lugar dos indígenas em nossa história. Foi um dos principais responsáveis no Brasil por abordar os povos indígenas enquanto sujeitos agentes de sua própria história,  questionando abordagens  que lhes reduziram a um lugar de vítimas passivas dos processos de colonização e situações de contato.  Porém, sua contribuição extrapolou o meio acadêmico, já que seu trabalho e militância ainda reverbera frutos para repensar o passado e  futuro dos povos indígenas na sociedade brasileira.

 


Beth1BETH LOBO

Neste ano, o Núcleo de Estudos de Gênero (Pagu) da Unicamp celebra 30 anos. A institucionalização, em 1993, resultou de ações de pesquisadoras de diferentes campos disciplinares que dialogavam com teorias feministas e de gênero. Tudo começou em julho de 1991 como um centro de estudos, sediado no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). A presença da socióloga Elizabeth Souza-Lobo (1943-1991), na época professora visitante do Departamento de História, foi um estímulo para a criação do Centro, com vertentes da problemática de gênero, associadas a questões antropológicas, históricas, políticas, econômicas e sociais.
 
Beth, natural de Porto Alegre (RS), iniciou no movimento estudantil no Colégio de Aplicação local. Em 1964, aderiu à Dissidência do Partido Comunista no Rio Grande do Sul e na sequência participou da fundação do POC (Partido Operário Comunista). Viveu momentos de exílio, quando contribuiu com centros de pesquisas feministas em países da América Latina e Europa. Beth Lobo fez parte do movimento político que marcou o fim da ditadura militar e resultou na fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT). É autora de diversas obras sobre questões como divisão sexual do trabalho, trabalho feminino e relações de gênero na sociedade capitalista. Graduou-se em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1965. Atuou como docente na Escola de Estudos Econômicos Latino-Americana do Chile, na Universidade de Paris VIII, onde também fez doutorado, e em outras universidades do Brasil. Ao trazer a divisão sexual do trabalho para o centro da análise das relações sociais, inseriu as mulheres nos debates sobre economia e luta por direitos. O conjunto documental de Beth Lobo é custodiado pelo Arquivo Edgard Leuenroth (AEL).
 

NC Niza artesiteNIZA TANK

Em alusão ao Dia Internacional da Mulher, a homenagem é para a professora do Departamento de Música do Instituto de Artes (IA) e cantora lírica Niza Tank (1931-2022). Seu legado acadêmico, artístico e político-cultural, que a faz referência na área de canto e na difusão da obra do maestro Antonio Carlos Gomes, evidencia a força, o talento e a criatividade da artista e seu papel na formação de diversas gerações de músicos.

Nascida em Limeira-SP, Niza foi a primeira professora de canto da Unicamp, ao ingressar na instituição em 1983, a convite do maestro Benito Juarez, então diretor do Departamento de Música. De acordo com o memorial da artista, preservado no acervo permanente do AC/SIARQ, o início de sua carreira, que culminou em reconhecimento nacional e internacional, se deu na Rádio Gazeta como cantora profissional na década de 1950. Sua interpretação na gravação pioneira da Ópera “Il Guarany”, realizada em 1959, é um marco artístico na discografia brasileira e foi remasterizada em CD em 1994 pela Unicamp. Também pela Universidade a soprano realizou, por meio de importantes parcerias, gravações de canções em discos de vinil, como “Canções de Carlos Gomes” e “Espiral”. Em seu memorial também estão documentados concertos, gravações, livros, orientações acadêmicas, recitais, seminários, participação em associações e prêmios recebidos, a exemplo da Medalha Carlos Gomes e o Troféu Dia Internacional da Mulher.


arte CarolCollinsCAROL COLLINS

Carol Collins (1931-2022) foi uma das poucas cientistas mulheres agraciadas pelo título de professora emérita da Unicamp. A química, que se aposentou em 1996, teve carreira ativa até 2019 no atendimento a estudantes e visitas aos laboratórios do Instituto de Química (IQ), unidade em que atuou desde 1974.

A cientista é nossa homenageada na semana que marca mundialmente eventos e celebrações que remetem à participação de “Meninas e Mulheres na Ciência”. A data oficial da iniciativa lançada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), é 11 de fevereiro. Nascida nos Estados Unidos, iniciou a sua carreira de pesquisadora na Iowa State University e passou por diversas instituições até se mudar para o Brasil. No IQ se dedicou a pesquisas em química analítica e ajudou a implantar e consolidar a área de cromatografia, com foco na disciplina “Métodos de Separação”, que também resultaram na publicação de livros de referência. Membro da Academia Brasileira de Ciências, Collins deixou um importante legado na área e inspirou muitas mulheres na dedicação, rigor científico e difusão de conhecimento.

A fotografia compõe o processo de vida funcional da Carol, custodiado pelo AC/SIARQ, Fundo DGRH.


NC JacquesVielliardJACQUES VIELLIARD
 
O ornitólogo francês Jacques Marie Edme Vielliard (1944-2010) se dedicava ao registro e estudos dos sons dos pássaros desde a adolescência. Embora já tivesse viajado por dezenas de países, ainda não conhecia o Brasil, quando, em 1973, foi convidado pela Academia Brasileira de Ciências para vir ao país.
 
Foi então que, por meio de Zeferino Vaz, surgiu a proposta de compor o quadro de professores do Departamento de Zoologia do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp. Após diversas expedições pelo Nordeste e plena dedicação às investigações sobre o canto dos pássaros do Brasil, Vielliard aceitou o convite e, a partir de 1978, começou a trabalhar na instalação do Laboratório de Bioacústica da Universidade, pioneiro na América Latina.
 
O acervo do ornitólogo, composto por trinta mil sons de aves, é considerado um dos cinco maiores do mundo com valor científico e contribui com estudos de taxonomia, filogenia, biogeografia e ecologia dos animais que usam sinais sonoros de comunicação para transmissão de informações. Atualmente custodiada pelo Museu de Diversidade Biológica (MDBio) da Unicamp, a coleção integra a Fonoteca Neotropical Jacques Vielliard (FNJV), composta também por sons de animais vertebrados e invertebrados, como insetos e aracnídeos.
 
Vielliard sempre teve apreço pelas gravações, preservadas em seu laboratório, mas também disseminadas para a sociedade. Exemplo disso são os CDs gravados, como Vozes das Aves do Brasil (com o canto de 80 aves brasileiras), Canto de Aves do Brasil, Aves do Parque Nacional da Serra da Capivara, Guia Sonoro das Aves do Brasil, 1.º volume e Aves do Pantanal.

Almeida Prado arteJOSÉ ANTÔNIO RESENDE DE ALMEIDA PRADO

Em 2023, o compositor e pianista José Antônio Resende de Almeida Prado (1943-2010) completaria 80 anos de idade. Considerado expoente da música contemporânea brasileira, fez parte da Academia Brasileira de Música. Sua técnica de piano, a diversa produção composicional em gêneros e formações e sua erudição levaram o músico a diversos prêmios e reconhecimento nacional e internacional. Sua musicografia é constituída principalmente por concertos para piano, violino e violoncelo.
 
Almeida Prado fez carreira acadêmica na Unicamp, a convite do reitor Zeferino Vaz em 1975. Atuou na Universidade por 25 anos e formou gerações de músicos pelo Instituto de Artes, unidade que coordenou em 1981. Em 2010, ano de falecimento do compositor, a sede da Orquestra Sinfônica da Unicamp (OSU) ganhou, em cerimônia solene, o nome: “Sala Almeida Prado”.
 
A Coleção de Almeida Prado conta com 570 obras em seu catálogo e é custodiada pela Coordenação de Documentação de Música Contemporânea (CDMC) da Unicamp, ligada ao Centro de Integração, Documentação e Difusão Cultural (Ciddic) da Unicamp. O acervo se constitui de partituras originais, cópias, edições, gravações, fotos, programas de concertos, cartas e artigos de jornais e revistas.

NossosCientistas_BrandãoCARLOS RODRIGUES BRANDÃO

Na ocasião desta foto, aos 20 anos de idade, talvez Carlos Rodrigues Brandão (1940-2023) não previsse o significado de sua obra nas áreas de antropologia, cultura e educação popular, algumas décadas depois. A 3x4 está em seu processo de vida funcional, composto por dois volumes.

Brandão, que faleceu em 11 de julho de 2023, deixou um legado muito além da área de Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, onde ingressou em 1976. Também transcendeu núcleos de pesquisa da instituição em que atuou: Centro de Estudos Educação e Sociedade (Cedes), Centro de Estudos Rurais (Ceres) e Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam). As mais de dez universidades do Brasil e da Europa, onde pesquisou e lecionou, não esgotaram sua trajetória. Fora da Universidade, o psicólogo e antropólogo aprofundava conhecimentos em educação e realidade brasileira. Os primeiros passos vieram por meio de militâncias, a exemplo do Movimento de Educação de Base (MEB), de Paulo Freire, de quem se tornou parceiro de estudos e amigo pessoal.

Brandão era o intelectual que nunca deixou de lado a poesia, que escrevia desde menino. Era o acadêmico que xerocava livros e os enviava a estado como o Acre, onde a leitura básica para estudantes de magistério não chegava sequer às escolas ou bancas de jornal. Seu ambiente de trabalho preferido não era a sala de aula convencional, mas os trabalhos de campo. Suas obras, contabilizadas em mais de 100, não dialogavam apenas com os pares, mas abrangiam o grande público, com linguagem didática. Exemplos disso são os difundidos “O que é Educação” e “O que é Folclore”, da Coleção Primeiros Passos.

Palavras que Brandão proferiu na ocasião de seu título como emérito da Unicamp, em 2015, como “plural, coletivo e contribuição social” exprimiram uma trajetória construída com espírito de equipe. Em poucos anos, seus trabalhos sobre educação, religião e antropologia de populações camponesas, se tornaram pioneiros e referências para pesquisadores da área. Em seu memorial está uma frase inspiradora do “militante ativista da educação popular”, como ele próprio se definia: “Aprendi a conviver (...) com sujeitos reais: as pessoas do campo, no Nordeste, no Centro-Oeste, a quem até então dera o nome fácil e genérico de "povo"".


24 de Janeiro Dia Internacional da EducaçãoPAULO FREIRE

No Dia da Educação, celebrado em 28 de abril, nossa referência é ao professor Paulo Freire. A fotografia, de 27 de abril de 1988, registrou o momento em que o educador recebeu o título de Doutor Honoris Causa pelas mãos do então reitor da Unicamp, Paulo Renato Costa Souza. 

Reconhecido mundialmente por seu revolucionário método de ensino permanente, o “Patrono da Educação Brasileira” foi professor da Universidade por uma década, de 1981 a 1991, junto ao atual Departamento de Ciências Sociais na Educação (Decise) da Faculdade de Educação. Freire propôs diferentes dinâmicas de trabalho entre educador e educando em sala de aula, considerando a realidade social dos estudantes e os desafios de acesso à cultura letrada. Precursor da pedagogia crítica, escreveu obras como Educação como Prática de Liberdade e Pedagogia do Oprimido, as quais promoveram rupturas político-pedagógicas no Brasil e no mundo. 

O Dia da Educação visa mobilizar a sociedade para causas relevantes no combate às desigualdades no acesso à educação e engajar instituições para ações de comunicação com públicos estratégicos e redes de educação básica e profissional.

 


zaluar1ALBA MARIA ZALUAR

Referência na área de sociologia e antropologia urbana, Alba Maria Zaluar (1942-2019) foi contratada pela Unicamp em 1975, onde deu aulas e realizou pesquisas por duas décadas. Foi uma das pioneiras nos estudos sobre violência no Brasil, pobreza urbana e políticas sociais.

Foi na Inglaterra que Alba constituiu a base de seus estudos na Universidade de Manchester. Ao regressar ao seu país natal, concluiu mestrado e doutorado, ponto de partida para inúmeras orientações de trabalhos, participação em projetos de pesquisa e eventos. No seu escopo de investigação estavam políticas públicas para combater a violência urbana e minimizar os efeitos da criminalidade. Sua produção intelectual buscou diferentes olhares sobre o crime, usualmente vinculado à pobreza.

Até falecer, aos 77 anos, Alba permaneceu ativa também na imprensa, por meio de publicações de diversas obras, participação em entrevistas e análises dos contextos brasileiros.

 

 

 


bori arteCAROLINA BORI

O “Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência” é 11 de fevereiro. Em alusão à data, todo início de ano, desde 2019, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) promove o Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher”. A SBPC atribui um prêmio às mulheres, alternando a concessão a cientistas de destaque e a jovens de ensino médio e graduação com notório talento para a carreira científica. Criatividade, método e potencial de contribuição à ciência são critérios adotados na seleção.

O prêmio leva o nome da primeira presidente mulher da SBPC, Carolina Martuscelli Bori (1924-2004). Psicóloga e pedagoga, Bori esteve à frente da instituição em momentos de grande questionamento sobre a produtividade e credibilidade das universidades brasileiras. Em 1988, o Jornal da Unicamp destacava a realização da 40ª Reunião da SBPC, cujo tema foi “Universidade e Produção do Conhecimento”. Entre as propostas do evento, estava a mobilização por mais apoio financeiro do governo para as pesquisas, com especial atenção às ciências humanas e sociais. Contratada como professora pela USP em 1948, Carolina Bori realizou uma das primeiras pesquisas do Brasil sobre preconceito racial e social. Ao mesmo tempo, pela consolidação da Psicologia como ciência na universidade e na sociedade, e pela contribuição da área para a Educação em todos os níveis. Como curiosidade, ela foi o registro número 1 do conselho de classe profissional da Psicologia, e atuou na criação de entidades científicas. Bori realizava interlocuções com várias áreas do conhecimento e se empenhava pelo fortalecimento da ciência brasileira de forma ampla.

O Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência foi instituído em 2015 pela Assembleia das Nações Unidas. Sob a liderança da Unesco e da ONU Mulheres, o evento acontece em diversos países, com atividades que visam dar visibilidade às contribuições das mulheres na pesquisa.


arte brandaliseSILVIA BRANDALISE

Em janeiro de 2023, o Centro Infantil de Investigações Hematológicas Dr. Domingos A. Boldrini (ou, para muitos, “Boldrini”) completou 45 anos de existência. Fundado com apoio do Clube da Lady de Campinas, em 1978, o Boldrini une saber científico, tecnológico e solidariedade. Essa estreita cooperação catalisou diversas ações, permitindo mudar a realidade da luta contra o câncer da criança e do adolescente e proporcionar crescentes chances de cura aos jovens pacientes.
 
A proposta do Boldrini foi materializada na figura de sua presidente, a médica oncologista Silvia Brandalise, membro fundador da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica. Sua trajetória na Unicamp foi uma importante base, já que atuava no front das pesquisas do Centro Integrado de Pesquisas Onco-Hematológicas da Infância (Cipoi). Aposentada da Universidade, criou o maior centro de referência no tratamento de câncer infantil e doenças do sangue da América Latina. Tudo começou em um ambulatório improvisado nas escadas da Santa Casa de Misericórdia de Campinas, onde funcionava a Faculdade de Medicina da Unicamp. Com o rápido crescimento do volume de atendidos, o Clube da Lady disponibilizou uma casa para montar o consultório. Na ocasião, Brandalise e o reitor da Unicamp, Zeferino Vaz, conversaram sobre a elaboração de uma parceria público-privada entre a Unicamp e a instituição. Mais adiante, a doação inicial da empresa Robert Bosch de um terreno anexo ao Centro Médico com 1.500 m² de construção. Foi o primeiro passo para construir em 1986 a atual sede do centro.
 
Silvia Brandalise ajudou a definir os protocolos do tratamento oncológico infantil e a aumentar a taxa de cura das crianças com leucemia linfoide aguda de apenas 5%, no final da década de 1970, para os atuais 80%. Durante estes 45 anos de atividades, o Centro Boldrini recebeu cerca de dez mil pacientes com o diagnóstico de diferentes tipos de câncer, dos quais quase sete mil estão vivos. O Centro Boldrini oferece moderno serviço de radioterapia, tornando-se referência na macrorregião de Campinas. Anualmente, são realizadas cerca de 23 mil sessões de radioterapia, o que envolve também a formação de novos profissionais da saúde.

NC GuitaDebert arteGUITA GRIN DEBERT

Em novembro de 2022, a Unicamp concedeu o título de professora emérita à antropóloga e socióloga Guita Grin Debert, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). Entre 2007 e 2009, a pesquisadora coordenou o Núcleo de Estudos de Gênero (PAGU). Entre diversas funções administrativas fora da Universidade, atuou como vice-presidente da Associação Brasileira de Antropologia, editora da Revista Brasileira de Ciências Sociais e secretária adjunta da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS). Guita focou sua carreira de pesquisadora na área de antropologia urbana, em temas como velhice, família, gênero e violência.
 
Aluna de referências como Ruth Cardoso e Eunice Durham, Guita fez mestrado e doutorado na área de Ciência Política. Foi nesse período que as escolhas temáticas de sua trajetória como docente foram, em parte, redefinidas. A experiência na Europa e a força do movimento feminista na Inglaterra motivaram Guita a entrar nesse campo de investigação, quando voltou ao Brasil em 1979. Cinco anos depois, passou a dar aulas na Unicamp, em paralelo à sua atividade em grupos de pesquisa. Foi na Universidade que Guita viu um emergente campo de estudos inovadores em antropologia e se aprofundou em temas ainda pouco explorados na época, como violência contra a mulher e a reinvenção da velhice.
 
A foto, de Antoninho Perri, é da edição 53 do Jornal da Unicamp (março/1991) e integra o Fundo Ascom de nosso acervo documental. O contexto da reportagem é uma pesquisa elaborada por Guita sobre como os idosos encaravam o processo de envelhecimento e de sociabilidade.
 

moha1MOHAMED HABIB

Ensino, pesquisa e administração universitária constituíram a reconhecida carreira acadêmica do biólogo Mohamed Ezz El-Din Mostafa Habib (1942-2022). Dedicou-se a áreas como sustentabilidade, agroecologia, controle biológico, educação ambiental, extensão universitária e diálogo intercultural. 

Habib nasceu na cidade de Port Said, no Egito, em 25 de janeiro de 1942. Formou-se em Engenharia Agronômica e fez mestrado na Universidade de Alexandria, na área de controle biológico. Em 1972, após sucessivas crises políticas em seu país natal, migrou para o Brasil, onde foi recebido pelo reitor da Unicamp, Zeferino Vaz. No seguinte, iniciou sua carreira como docente da disciplina de entomologia junto ao Instituto de Biologia (IB), o qual também dirigiu por dois mandatos. Coordenou também a Coordenadoria de Relações Internacionais e Institucionais (Cori) entre 1998 e 2002. Entre 2005 e 2012 atuou como pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da instituição, dando expressiva contribuição à institucionalização das ações extensionistas. Atuou em órgãos como a Secretaria Estadual de Agricultura de SP, Conselho Estadual do Meio Ambiente, Ministério da Agricultura, Embrapa, Instituto de Pesquisas da Amazônia, CTNBio e Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2012, Mohamed aposentou-se da Universidade, mas seguiu como colaborador.

O empenho do professor na conexão entre a universidade e a sociedade extrapolou as fronteiras acadêmicas. Sua defesa da cultura de paz e do diálogo entre os povos ganharam força em períodos de grandes debates sobre o Oriente Médio, assim como seu posicionamento sobre questões ambientais, causas sociais e humanitárias e articulação dos projetos de extensão. Em março de 2022, dois meses após seu falecimento, o Conselho Universitário (Consu) da Unicamp aprovou a concessão do título de professor emérito post mortem a Mohamed.


oswaldo1OSWALDO LUIZ ALVES

Foram mais de 50 anos dedicados à ciência brasileira. Oswaldo Luiz Alves (1947-2021), docente do Instituto de Química (IQ) da Unicamp, foi pioneiro na área de nanotecnologia e com pesquisas mundialmente reconhecidas na área da química do estado sólido. Nos últimos dez anos, estudou os riscos e benefícios dos nanomateriais à humanidade e ao meio ambiente. Aposentou-se da Universidade em 2019, mas seguiu como ativo colaborador até seu falecimento, em julho de 2021.

Ingressou na Unicamp como aluno de graduação em 1973 e foi na instituição que seguiu seus estudos até iniciar sua função como professor do Departamento de Química Inorgânica. É referência por introduzir os estudos sobre química em estado sólido no Brasil, com a criação da primeira disciplina ligada ao tema e, posteriormente, do Laboratório de Química do Estado Sólido (LQES), onde orientou dezenas de teses e dissertações. 

Oswaldo, que ainda criança fazia experiências de química e biologia num clubinho de ciências, também se dedicou amplamente à política científica e tecnológica do país, além de apoiar e desenvolver ações de divulgação de ciência. Na década de 1980, teve participação da criação de materiais dentro do Projeto Fibras Ópticas. Era membro ativo da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e Sociedade Brasileira de Química (SBQ). Entre diversos prêmios nacionais e internacionais, recebeu a Comenda de Ordem Nacional do Mérito Científico. O professor também foi homenageado pela SBQ com a criação do “Prêmio Oswaldo Luiz Alves”, concedido anualmente a destaques na defesa da ciência, difusão e disseminação do conhecimento científico.

 


arte_BernardinoBERNARDINO FIGUEIREDO

O geólogo Bernardino Figueiredo ingressou na Unicamp em 1980 e foi um dos pioneiros na criação do Instituto de Geociências (IG), ao lado do professor Amílcar Herrera, fundador da unidade. Com foco nas áreas de geoquímica vegetal, geologia médica e metalogênese, tem sua carreira acadêmica marcada por pesquisas interdisciplinares. Tanto nas disciplinas de pós-graduação como, posteriormente, nos cursos de graduação em Geografia e Geologia do instituto, sempre incentivou a formação interdisciplinar entre os estudantes. Em abril deste ano, Bernardino levou o título de professor emérito da Unicamp.

Nascido em Belém (PA) em 1946, Bernardino ingressou no curso de Geologia da USP em 1965, onde também participou do movimento estudantil. Com sua esposa, partiu com para o Chile em 1969, onde retomou os estudos, lecionou mineralogia e trabalhou em uma empresa de mineração. Após experiências na Europa, o casal e seus dois filhos retornaram ao Brasil em 1980. Bernardino também atuou como gestor, ocupando cargos como a direção do IG entre 1989 e 1993, da Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (Funcamp) e do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam). Em 1997 e 2006, recebeu o Prêmio de Reconhecimento Acadêmico "Zeferino Vaz". Mesmo aposentado desde 2014, seguiu como colaborador do Departamento de Geologia e Recursos Naturais do IG.


NC CarlosJolyCARLOS JOLY

O biólogo Carlos Joly foi pioneiro nos estudos em ecofisiologia vegetal moderna no país. Seguiu, de certa forma, os passos do pai, Aylthon Brandão Joly, botânico e escritor de diversas obras na área. Graduado pela Universidade de São Paulo (USP) em 1976, Carlos fez mestrado na Unicamp em 1979 e doutorado na University of St. Andrews (Escócia), em 1982. Desde 1997, é professor titular na área de ecologia vegetal no Instituto de Biologia (IB) da Unicamp.

A partir da década de 1970, Carlos Joly desenvolveu trabalhos de formulação de políticas públicas para a biodiversidade. Um dos mais importantes resultados dessas experiências foi a criação, em 1999, do Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade (BIOTA-FAPESP, o “Instituto Virtual de Biodiversidade”), que trouxe importantes contribuições para o avanço científico e a elaboração de políticas em prol da biodiversidade. O mapeamento e caracterização da biodiversidade no estado de São Paulo seriam o início de um programa que se destacou ao oferecer bases científicas para a criação de instrumentos legais e para o aperfeiçoamento da legislação ambiental do Estado. Decretos e resoluções se basearam no BIOTA, ao definir mecanismos de conservação da biodiversidade, potencial econômico e uso sustentável.  Atualmente, decretos e resoluções citam nominalmente o programa, que apoia políticas públicas baseados em resultados científicos e conta com aproximadamente 1200 pesquisadores.  

Entre as atividades acadêmicas, Joly atuou na implantação do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade, foi pró-reitor de Pós-Graduação entre 1996 e 1998 e participou do Núcleo de Ecologia Humana da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam). Com diversos prêmios e reconhecimentos no currículo, Joly é membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp) e de associações brasileiras e internacionais. Em março de 2022, a Unicamp concedeu ao botânico o título de professor emérito da Universidade.


Adão arteADÃO JOSÉ CARDOSO

Ecologia de anfíbios e biologia reprodutiva eram as áreas de pesquisa do professor José Adão Cardoso (1951-1997), do Departamento de Zoologia do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp. Aluno da primeira turma de ciências biológicas da Universidade, desenvolvia pesquisas e trabalhos de extensão, incluindo projetos de educação ambiental para crianças e jovens indígenas. 

Desde que se formou, em 1976, Adão seguiu toda sua carreira acadêmica na Unicamp, além de dar aulas e prestar assessoria científica em diversas instituições. Atuou como coordenador de graduação por dois mandatos e trabalhou no desenvolvimento dos programas "Biologia no Parque" e "Museu Dinâmico de Ciências", em colaboração com a Prefeitura Municipal de Campinas. Foi também fundador do Laboratório de Biologia, Ecologia e Bioacústica de Anfíbios, constituindo um grande acervo literário e gravações sonoras de anfíbios neotropicais, referência nacional em coleções científicas. A comunidade científica perdeu o professor Adão em 1997, vítima de um acidente de carro durante um trabalho de campo rumo à Serra de Paranapiacaba, no estado de São Paulo. No mesmo ano, o Museu de História Natural (MHN) da Unicamp foi nomeado como “Museu de História Natural Prof. Adão José Cardoso”, em homenagem ao pesquisador.


NC Michel Debrun arteMICHEL DEBRUN

Ex-aluno da École Normal Supérieure e da Sorbonne, de Paris, o filósofo francês Michel Debrun (1922-1997) se mudou para o Brasil em 1957, após dar aulas de filosofia social e política. Em terras brasileiras, foi pesquisador e professor visitante da Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV), lecionou no curso de Política do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) e na USP.

Chegou à Unicamp em 1970, onde atuou como professor e pesquisador no Departamento de Filosofia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) até 1988, quando se aposentou. No entanto, manteve uma produção intelectual intensa e seguiu seus estudos no Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência (CLE) da Unicamp, unidade onde o professor emérito da Unicamp desenvolveu seus últimos trabalhos.

Ao longo da carreira, Debrun se aprofundou em análises sobre a identidade nacional brasileira, globalização das economias e estudos sobre Gramsci, chegando aos conceitos da auto-organização, ordem e desordem. Idealizou e organizou a série de “Seminários Interdisciplinares do CLE”, o Colóquio “CLE 10 anos – Ordem e Desordem” e o Simpósio "Modelos de Ordem e Desordem: possibilidades e limitações da sua transposição de uma área de conhecimento para outra" apresentado na 39a Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada em Brasília. Seu acervo documental, composto por livros, manuscritos e jornais, está sob salvaguarda do CLE.


ARTIGORAQUEL2RAQUEL TRINDADE

Na Semana de Solidariedade com os Povos em Luta contra o Racismo e a Discriminação Racial (21 a 28 de março), data sinalizada no Calendário do Observatório dos Direitos Humanos da Unicamp, falamos sobre Raquel Trindade (1936-2018). Atriz, artista plástica, pesquisadora, professora, coreógrafa, escritora. O legado da pernambucana de Recife para a cultura brasileira passou por todas essas manifestações e a fez referência na preservação da arte e cultura negra e popular brasileira. Filha do poeta e ativista Solano Trindade (1908-1974), Raquel se mudou ainda criança para o Rio de Janeiro, local de grande efervescência cultural, onde seu pai fundou o Teatro Popular Brasileiro. Anos depois, a família se estabeleceu em Embu das Artes. Raquel, na década de 80, se dedicou ao Departamento de Artes Cênicas da Unicamp como professora convidada. 

Em 1974, com o falecimento do pai, Raquel Trindade, também conhecida como Kabimda, fundou, em Embu das Artes, o Teatro Popular Solano Trindade, que desde a década de 1970 ensina maracatu, coco do Nordeste, Guerreiros de Alagoas, capoeira e bumba meu boi, entre outras manifestações populares, a jovens da região. A família, assim como artistas parceiros, compõe um importante capítulo na história do teatro brasileiro, na defesa da cultura e expressão artística negra. Estudiosa do candomblé, Raquel também disseminava danças dos orixás.

No fim dos anos 1980, período de redemocratização do país e elaboração da chamada “Constituição Cidadã” e do marco do centenário da Abolição e consequente aumento nas reflexões sobre sociedade e condições de vida da população, Raquel passou a dar aulas no Instituto de Artes da Unicamp, como professora convidada. Folclore, teatro negro e sincretismo religioso estiveram em seu programa de aulas de graduação e em cursos de extensão universitária. A partir da procura pelo curso que passou a ministrar na Unicamp, a folclorista, teve a ideia de criar o “Grupo de Teatro e Danças Populares Urucungos, Puítas e Quijengues”, que completa 34 anos. Esses são nomes de instrumentos bantos que foram trazidos pelos escravos para São Paulo. A maior parte das danças do grupo foram pesquisadas e criadas por Raquel. No post de hoje divulgamos um artigo escrito por ela para o Jornal da Unicamp, ed. 8, com reflexões sobre acontecimentos antes e após a Lei Áurea, que completava 100 anos em 1988.


Dia Internacional da Mulher 8 de marçoHELENA JANK

Helena Jank foi professora do Departamento de Música da Unicamp e especialista em interpretação de música barroca. Lecionou cravo, baixo, música de câmara e história da música, também orientando pesquisas sobre práticas interpretativas, retórica musical e musicologia histórica. Entre funções administrativas está, por exemplo, a diretoria do Instituto de Artes, que assumiu entre 1999 e 2003.

Helena é solista reconhecida internacionalmente.  Iniciou sua carreira musical estudando piano. Aos 17 anos, foi para a Alemanha estudar órgão, onde teve contato com o estudo do cravo. Em sua pesquisa de doutorado, apresentou uma análise interpretativa das “Variações Goldberg”, de Johann Sebastian Bach, obra que se tornou determinante para sua concepção musical em sua carreira artística e acadêmica. Lançou, em 2011, uma coleção de 32 peças para cravo, composta pelo músico e compositor alemão em 1741. Sua produção artística concentra-se principalmente em repertório do período barroco. A musicista também atua na divulgação da música brasileira para cravo, resgatando repertórios e estimulado a criação de novas obras.

 


NC HERMÓGENES LEITÃOHERMÓGENES LEITÃO

O botânico e engenheiro agrônomo Hermógenes de Freitas Leitão Filho (1944-1996) nasceu em Campinas e se formou em 1966 na Escola Superior Luiz de Queiroz (ESALQ/USP), em Piracicaba. Foi contratado como professor do Departamento de Botânica do Instituto de Biologia da Unicamp em 1974. Autor de vasta obra sobre botânica, focava pesquisas em taxonomia, isto é, classificação e identificação de plantas, o que o conduzia a diversos projetos de pesquisa em áreas como agronomia, arborização urbana e fitoquímica. Um deles, de levantamento completo de toda a flora do estado de São Paulo, foi realizado em parceria entre a USP, Unesp, Instituto de Botânica, Instituto Florestal e Instituto Agronômico, reunindo mais de cem especialistas do Brasil e do exterior. O “Projeto Flora Fanerogâmica”, idealizado por Hermógenes, criou um banco de dados com 7500 espécies, a partir de expedições científicas e visitas a herbários. Considerado referência em botânica e naturalismo no país, assinava publicações científicas e também de cunho didático e utilizadas em salas de aula, como a série “Plantas Invasoras de Cultura no Estado de São Paulo” (1972). 

Na Unicamp, Hermógenes coordenou o curso de pós-graduação em Biologia Vegetal e fundou e coordenou o Parque Ecológico da instituição, arborizando parte do campus de Campinas com diversas espécies nativas. Além das atividades de ensino e pesquisa, assumiu a função de pró-reitor de Pós-Graduação em 1994, cargo que ocuparia por quatro anos. No entanto, faleceu em 1996 durante um trabalho de campo na região de Campinas. 


NC Figueiredo arteFERDINANDO FIGUEIREDO

Em 1968, chegava à recém-criada Unicamp o economista Ferdinando Figueiredo (1920-2014). A proposta foi atuar como professor junto ao Departamento de Economia e Planejamento Econômico e Social (DEPES) do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), constituindo a implantação da área, que seria o embrião da unidade de ensino e pesquisa. As pesquisas, realizadas coletivamente no departamento, versavam sobre o capitalismo contemporâneo e a economia brasileira nesse contexto, promovendo reflexões sobre a economia sob o ponto de vista histórico e social.

Formado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Figueiredo fez doutorado na Unicamp em 1976. Junto com outros professores pioneiros da Universidade, participou de um curso intensivo de planejamento e desenvolvimento econômico, realizado em São Paulo pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Em 1984, com a fundação do Instituto de Economia, também conhecida como “Escola de Campinas”, foi criado o Centro de Estudos de Relações Internacionais (CERI), também dirigido pelo professor. No mesmo instituto, porém vinculado ao Departamento de Teoria Econômica, ocupou a vaga de professor titular em Introdução à Economia. 

Figueiredo também exerceu funções administrativas na Unicamp, como presidente da Comissão de Ensino, Coordenador Geral dos institutos e Coordenador Geral da Unicamp. Aposentou-se em 1990, mas continuou suas atividades acadêmicas até 1999.


NossosCientistas BriegerFRIEDRICH GUSTAV BRIEGER

O filósofo e botânico alemão Friedrich Gustav Brieger (1900-1985) foi um dos primeiros professores contratados da Unicamp, quando a instituição ainda estava em seu processo de criação, no fim da década de 1960. Integrante do Instituto de Biologia (IB), Brieger iniciou com a disciplina de Genética Vegetal e atuou na fundação do Departamento de Genética e Evolução da unidade de ensino e pesquisa. 

Naturalizado brasileiro em 1940, Brieger se formou nos anos 1920 em instituições alemãs, como Universidade de Breslau, onde cursou Filosofia, e Universidade de Berlim, em que obteve o título de livre-docente. Após passar por instituições de ensino superior europeias, como a Universidade de Londres, o pesquisador veio para o Brasil, onde também lecionou na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP), em Piracicaba-SP, e na Universidade de Brasília (UnB). Foi um dos pioneiros da genética fundamental e aplicada no Brasil e do melhoramento de vegetais, desenvolvimento de variedades, em especial o milho, além do estudo das condições dos solos e fertilização química. 

Na Unicamp, também se dedicou a funções administrativas, como Coordenador Geral dos Institutos e presidente da Comissão de Ensino, Comissão de Planejamento (Coplan), Comissão do Regimento Geral da Universidade e Diretor dos Ciclos Básicos. Membro da Academia Brasileira de Ciências, aposentou-se em 1970, mas seguiu com atividades acadêmicas. No ano seguinte, o Conselho Diretor da Unicamp aprovou por unanimidade a concessão do título de professor emérito a Brieger, entregue à família em 1985.


Roberto Romano arte NCROBERTO ROMANO

As ciências humanas têm como referência nacional Roberto Romano (1946-2021), professor titular do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp. Natural de Jaguapitã (PR), se formou em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) e fez doutorado em Filosofia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), de Paris. Na juventude, antes de ingressar no ensino superior, integrou movimentos estudantis. Em Minas Gerais, fez parte do Convento Dominicano por doze anos. Chegou a iniciar estudos no Instituto de Filosofia e Teologia de São Paulo.

Já afastado da trajetória religiosa, ingressou na Unicamp como docente em 1982, junto ao Departamento de Ciências Sociais Aplicadas à Educação da Faculdade de Educação (FE). Anos mais tarde, passou a integrar a equipe do IFCH, atuando nas áreas de filosofia, ética e política, além de história da filosofia. Estudioso sobre realidade social e histórica do país e conjuntura política, Romano escreveu diversas obras, entre elas “Brasil: Igreja contra Estado”, “Conservadorismo romântico: Origem do totalitarismo” e “Razão de Estado e outros estados da razão”. Defensor dos direitos humanos e da universidade pública, também publicou inúmeros artigos acadêmicos e voltados para o público em geral. Roberto Romano faleceu em julho de 2021, vítima de complicações causadas pela Covid-19.

 


NC Sette arteANTÔNIO MÁRIO ANTUNES SETTE

Antônio Mário Antunes Sette (1939-1999) graduou-se em Matemática pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPe) no ano de 1967, em seu estado natal. Orientado pelo professor Newton da Costa, pioneiro nos estudos de lógica no Brasil, Sette fez mestrado e doutorado, respectivamente na Unicamp e na USP. Ingressou como professor do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Cientifica (IMECC) da Unicamp em 1969, onde permaneceu em 1971, quando foi convidado para lecionar na UFPe. Voltou à Unicamp oito anos depois, onde seguiu em funções acadêmicas até seu falecimento. Em sua trajetória na instituição, ocupou cargos como a direção de sua unidade de ensino e pesquisa e pró-reitoria de Graduação, este último entre 1986 e 1990.

Pesquisador nas áreas de Álgebra da Lógica, Teoria de Modelos e Linguagens Lógicas, Sette foi um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Lógica (SBL), criada em 1979, instituição onde também assumiu funções administrativas. Na Unicamp, também integrou o Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência da Unicamp (CLE), onde está preservado seu acervo pessoal, doando pela esposa Neide Sette. A Unicamp sediou, em 2003, o XIII Encontro Brasileiro de Lógica, evento dedicado à memória do professor.

 


NC AAA arteANTONIO AUGUSTO ALMEIDA

Antonio Augusto Almeida (1903-1975) nasceu na cidade de Oliveira, em Minas Gerais. Foi na Faculdade de Medicina de Belo Horizonte que se formou em 1926. Sua especialidade era a oftalmologia. Lecionou na Faculdade de Medicina da USP, onde recebeu o título de professor emérito em 1973. Almeida foi um dos professores pioneiros da Unicamp ainda no início da década de 1960, antes de sua fundação oficial. Foi contratado em 1963 como professor de oftalmologia na Faculdade de Medicina (atual Faculdade de Ciências Médicas), tendo sido o primeiro diretor da história da unidade que deu origem à Universidade Estadual de Campinas. Ao ingressar, passou a compor o Conselho de Entidades de Campinas até 1965. Na sequência, juntamente com Zeferino Vaz e Paulo Gomes Romeo, foi membro da Comissão Organizadora da Universidade, fundada em 5 de outubro de 1966. Na FCM, foi chefe do Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia. Em Campinas, integrava a Associação Médica do Instituto Penido Burnier (IPB), reconhecido e centenário hospital especializado em doenças dos olhos, onde também exercia a clínica oftalmológica. Em 1969 passou a exercer a função de Coordenador das Faculdades da Unicamp até 1973, quando também recebeu o título de professor emérito da instituição. 

No acervo histórico do AC/SIARQ está a Coleção Antonio Augusto Almeida, com documentos doados pela família do professor em 1991. Trata-se de um conjunto de documentos que traz informações sobre a criação da Faculdade de Ciências Médicas e participação de mais docentes nesse processo de fundação da Unicamp.


arte Helio WaldmanHELIO WALDMAN

Nascido na cidade de São Paulo-SP em 1944, Helio Waldman é engenheiro eletrônico formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), com mestrado e doutorado em Engenharia Elétrica pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Foi contratado pela Unicamp em 1974 junto ao Departamento de Eletrônica e Comunicações da então Faculdade de Engenharia de Campinas que, em 1985, daria origem à Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC), onde Waldman se aposentou em 2006.

Entre funções administrativas, o professor foi chefe de Departamento a partir de 1980 e, posteriormente, diretor da faculdade, entre 1982 e 1986. No ano seguinte, integrou a gestão do reitor Paulo Renato Costa Souza, sendo nomeado como primeiro pró-reitor de Pesquisa da Unicamp, cargo que ocupou até 1990. Waldman assumiu mais um desafio em 2010, desta vez em outra instituição: a reitoria da Universidade Federal do ABC (UFABC), onde permaneceu até 2014.

O cientista, também membro de associações, como Academia Nacional de Engenharia (ANE Brasil), Sociedade Brasileira de Telecomunicações (SBrT) e Institute of Electrical and Electronics Engineer (IEEE), atua em linhas de pesquisa ligadas a redes e comunicações ópticas, alocação de rota, espectro e modulação de redes, dentro da área de telecomunicações e sistemas de comunicações digitais. Autor de diversas publicações na área, atualmente coordena um projeto temático na Fapesp ligado à internet do futuro e dá aulas como professor colaborador em programas de pós-graduação da Unicamp e da UFABC.


Regina Muller 22072021 arteREGINA MULLER

A trajetória de Regina Muller é referência na união entre arte e antropologia, seja sob o ponto de vista acadêmico ou performático, ambas áreas de sua atuação. Formada em Ciências Sociais pela USP e com mestrado e doutorado em Antropologia, Regina ingressou na Unicamp em 1987 como professora do Departamento de Artes Corporais do Instituto de Artes (IA). 

No curso de Dança, encontrou espaço propício para lecionar e desenvolver estudos antropológicos, considerando a ênfase dada pelo departamento ao estudo das dimensões sociais humanas, aliado ao desenvolvimento da criação artística e de técnicas voltadas às danças brasileiras. A defesa da arte como produção acadêmica sempre se refletiu na trajetória de Regina Muller, inclusive em funções administrativas que ocupou em sua carreira na Universidade. Uma delas foi a direção do IA, entre 1995 e 1999.

A docente se aprofundou nos estudos sobre etnologia indígena, performances, rituais e arte indígena desde a elaboração de sua dissertação de mestrado, orientada pelo professor Peter Fry, na Unicamp. Passou períodos em contato com comunidades, como os Xavantes e Asurini do Xingu. As experiências renderam diversas publicações e autoria de livros, como “Os Asuriní do Xingu: história e arte” e “Performance, arte e antropologia”. Além do aprofundamento em suas pesquisas, estar em contato com os povos indígenas lhe possibilitou prestar assistência a eles, em áreas como saúde e sustentabilidade.

Atualmente aposentada pela Unicamp, Regina coordenou e segue atuando no NaPedra (Núcleo de Antropologia, Performance e Drama), grupo de estudos do programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da USP. A professora também se dedica a performances. Essa atividade, aliás, está em seu currículo desde os anos 1970, quando realizava apresentações inspiradas em mulheres artistas performáticas como Frida Kahlo, Gilda de Campinas e Carmen Miranda.


Mauricio Knobel arteMAURÍCIO KNOBEL

Maurício Knobel (1922-2008) foi médico psiquiatra, psicanalista, professor e pesquisador, formado na Universidade Nacional de Buenos Aires, onde também lecionou até 1976. Nesse ano, a convite de Zeferino Vaz, saiu da Argentina, seu país natal, e veio para a Unicamp com a missão de reorganizar o Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade. Bem antes do curso migrar para o campus da Unicamp, o qual estava em construção, atuou em ensino e pesquisa com as primeiras turmas de Medicina. No Departamento, estruturou equipes de ensino, enfermarias e abriu os caminhos para o desenvolvimento de pesquisas, com a criação do Núcleo de Estudos Psicológicos e do Centro de Atendimento ao Estudante da Unicamp. No Hospital de Clínicas (HC), também em fase de obras, contribuiu com a estruturação de uma Enfermaria de Psiquiatria. Paralelamente, entre 1978 e 1990, o médico também ministrou aulas no Departamento de Pós-Graduação em Psicologia da PUC-Campinas.

Naturalizado brasileiro em 1985, Knobel publicou centenas de trabalhos científicos, capítulos de livros e 12 livros na sua área de especialidade: a psiquiatria infantil. Foi organizador do primeiro Congresso Latino-americano da área, embrião da Associação Brasileira de Psiquiatria Infantil. Também participou e dirigiu diversas associações científicas nacionais e internacionais, a exemplo da vice-presidência da Associação Mundial de Psiquiatria Dinâmica e da Federação Internacional de Psicoterapia Médica.

Em 1992 o professor se aposentou, mas seguiu sua trajetória como docente convidado. Um ano depois, recebeu o título de emérito da instituição. Em 2006, o psiquiatra doou 1.370 títulos de seu acervo pessoal à Área de Coleções Especiais da Biblioteca Central Cesar Lattes (BCCL) da Unicamp, atual Biblioteca de Obras Raras Fausto Castilho (BORA).


NC ItalaDoTaviannoITALA MARIA LOFFREDO D'OTAVIANNO

A matemática Itala Maria Loffredo D’Otavianno se formou pela PUC-Campinas. Na Unicamp ingressou como docente em 1969, ligada ao Departamento de Matemática do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC). Em 1993, passou a lecionar no Departamento de Filosofia do Instituto de Filosofia e Ciência Humanas (IFCH). Realizou pesquisas, disciplinas e orientações de trabalhos nas áreas de lógica, fundamentos da matemática, história e filosofia da ciência, lógicas não-clássicas e lógica universal.

No exterior, fez pós-doutoramento na Universidade da Califórnia - Berkeley, Universidade de Stanford e Universidade de Oxford. Itala participou ativamente da fundação do Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência (CLE) da Unicamp e da Sociedade Brasileira de Lógica (SBL), instituições que dirigiu por quatro mandatos. É editora da Coleção CLE, coleção de livros nas áreas de lógica, epistemologia e história da ciência, com mais de 80 volumes publicados.

Chegou também a ocupar funções na administração central da Universidade, como a Coordenadoria de Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa (Cocen) e Pró-Reitoria de Pós-Graduação. A professora, atualmente aposentada da Unicamp, participa de diversas associações científicas e realiza conferências nacionais e internacionais.


Rubem Alves arteRUBEM ALVES

Natural de Boa Esperança (MG), Rubem Azevedo Alves (1933-2014) se formou em Teologia. Foi educador, escritor e psicanalista. Passou temporadas de estudos nos Estados Unidos na década de 1960. Chegou a retornar ao Brasil mas, em 1968, perseguido pelo regime militar, voltou ao território norte-americano, onde defendeu a tese de doutorado “Por uma Teologia da Libertação”. A publicação se tornou livro e, depois, contribuiu com uma corrente de pensamento que propunha uma linguagem teológica capaz de promover mudanças histórico-políticas. 

De volta ao Brasil, ingressou na Unicamp em 1974 como professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). Em 1989, passou a fazer parte do Departamento de Filosofia e História da Educação da Faculdade de Educação (FE). Em 1995, recebeu o título de professor emérito pela Unicamp, onde se aposentou cinco anos antes. Após sair da Universidade, dedicou-se à psicanálise, após sua formação na Associação Brasileira de Psicanálise.

Integrante da Academia Campinense de Letras, Rubem Alves foi autor de 120 obras literárias em áreas como pedagogia, filosofia e para público infantil. Contos, ensaios e crônicas também era assinadas pelo educador, além das publicações acadêmicas ao longo de sua trajetória na Unicamp e em outras instituições em que lecionou, como Instituto Presbiteriano Gammon, em Lavras (MG), Seminário Presbiteriano de Campinas e na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Unesp (Rio Claro).


UBIRATAN DAMBRÓSIOUBIRATAN D'AMBROSIO

O matemático paulistano Ubiratan D’Ambrosio (1932-2021) iniciou sua trajetória na Unicamp em 1972, quando ingressou já como diretor do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC), cargo que ocupou por oito anos. Formado pela Universidade de São Paulo (USP), também atuou como docente em diversas instituições no Brasil e no exterior, antes de iniciar sua jornada na criação do curso de Matemática na nascente Universidade. Mais tarde, ocupou cargos na administração central da Unicamp, como coordenador de institutos e pró-reitor de Desenvolvimento Universitário.

Além de focar pesquisas em educação matemática, Ubiratan foi precursor da área de etnomatemática, criada com base em críticas sociais a respeito do ensino tradicional da matemática, considerando as práticas matemáticas em diferentes contextos socioculturais. O professor, que também enfatizava a conexão entre matemática, cultura de paz e justiça social, iniciou esse movimento em meados dos anos 1970. Na década seguinte, a área constituía um grupo de estudo internacional. 

Ubiratan também foi docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE) da Unesp Rio Claro e professor emérito da Unicamp. Recebeu diversas homenagens internacionais por sua atuação na educação matemática, como o Prêmio Kenneth O. May, da Comissão Internacional de História da Matemática, e medalha Felix Klein, pela Comissão Internacional de Instrução Matemática.


Sérgio Porto arteSÉRGIO PORTO

Natural de Niterói-RJ, Sérgio Pereira da Silva Porto (1926-1979) se formou em Química pela Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1947 e tornou-se Ph.D pela Johns Hopkins University de Baltimore (EUA), em 1954. Passou um período no Brasil ao lecionar no Instituto de Tecnologia de Aeronáutica (ITA), quando regressou aos Estados Unidos para atuar no Bell Laboratories. Foi professor de física e engenharia elétrica na University of Southern Califórnia, em áreas de eletrônica quântica e espelhamento de luz. Aprimorou pesquisas em laser e participou de grandes projetos mundiais. O convite de Zeferino Vaz, reitor e fundador da Unicamp, para integrar o corpo docente do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) veio em 1972 e fez, após negociações com o Ministério do Planejamento, Sérgio Porto voltar ao seu país natal.

Na Universidade, liderou estudos sobre a aplicação do laser, dando origem ao Departamento de Eletrônica Quântica. Porto é considerado pioneiro no uso do raio laser na espectroscopia Raman - técnica em que a frequência do laser é absorvida e reemitida numa frequência diferente, fornecendo informações sobre a estrutura do material analisado. Com forte aplicação na medicina, essa tecnologia motivou o físico nas pesquisas sobre aplicações do laser em oftalmologia, otorrinolaringologia, ginecologia e cardiologia. Membro da Academia Brasileira de Ciências e da American Physical Society, Sérgio Porto formou inúmeros físicos brasileiros e estrangeiros, resultando na constituição de núcleos de física de estado sólido, com foco em investigações sobre laser e espectroscopia Raman.


Gleb Wataghin arteGLEB WATAGHIN

Gleb Wataghin (1899-1986) é considerado o pai da Física Moderna no Brasil. Ucraniano naturalizado italiano, qualificou-se como professor livre-docente em Física Teórica na Universidade de Turim, na Itália, em 1929. Foi convidado para vir ao Brasil, onde deu aulas para físicos que seriam pioneiros da Unicamp, como Marcello Damy Santos e Cesar Lattes. Na USP, na década de 1930, instituiu as Ciências Físicas na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Fundou a pesquisa em raios cósmicos e a produção múltipla de mésons, dando início aos cursos de graduação e às atividades de pesquisa em física teórica e experimental no país. 

A Unicamp concedeu o título de doutor honoris causa a Gleb Wataghin em 1971. Um ano depois, foi contratado como professor visitante do Instituto de Física, onde ficou até 1980. Na unidade, que já levava seu nome “Instituto de Física Gleb Wataghin” (IFGW), contribuiu com a criação de cursos de pós-graduação e pesquisas em raios cósmicos.

 

 


Newton Kara arteNEWTON KARA JOSÉ

O médico oftalmologista Newton Kara José se dedicou ao Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp por 31 anos. Chegou à Universidade em 1977 e idealizou a área de oftalmologia do Hospital de Clínicas (HC) e o Núcleo de Prevenção à Cegueira. 

Kara foi um dos responsáveis pela criação do Projeto Zona Livre de Catarata em 1986. O programa é reconhecido como uma das mais importantes estratégias para atendimento oftalmológico do país e premiado internacionalmente. Várias equipes médicas foram formadas e levaram a cura para centenas de cidades do país, unindo o objetivo da assistência social em saúde e a formação dos residentes. Com o passar dos anos, o “Projeto Catarata” se expandiu para todo o país, em milhões de consultas e procedimentos cirúrgicos. 

Em 2020, o professor esteve na Universidade para uma homenagem no evento de lançamento da Rede de Acesso à Visão e de comemoração do Prêmio António Champalimaud de Visão 2019.

 


Arte NC BurnierLUÍS OTÁVIO BURNIER

Luís Otávio Burnier (1956-1995) iniciou sua trajetória no teatro justamente na cidade onde nasceu: Campinas-SP, mais especificamente no Curso Livre de Teatro, ligado ao Conservatório Carlos Gomes. Estudioso e praticante de mímica, fez diversos cursos no exterior. De volta ao Brasil, ingressou na Escola de Arte Dramática (EAD/ECA) da USP em 1975. Passou cerca de oito anos na França, passando por academias como Université de la Sorbonne Nouvelle – Paris III. Ao regressar, no início da década de 1980, realizou e dirigiu espetáculos em diversos espaços do Brasil e de outros países da América Latina. 

Burnier dedicou-se à pesquisa em antropologia teatral, técnicas de mímesis corpórea, dança e formação do ator. Sua experiência o aproximou da Unicamp, onde passou a dar aulas. Chegou a coordenar o Departamento de Artes Cênicas do Instituto de Artes. Junto com Carlos Simioni, jovem ator premiado em Curitiba, e com a musicista Denise Garcia, Burnier criou, em 1985, o Lume Teatro. O nome original era Laboratório Unicamp de Movimento e Expressão, ligado à Universidade. Em 1993 passou a se chamar Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais.

Burnier traduziu livros internacionais e defendeu, em 1994, a tese intitulada “A Arte de Ator – da técnica à representação”, pela PUC-SP. A obra, que reuniu experiências e reflexões dos primeiros dez anos do Lume, foi publicada em 2001 e reeditada em 2009. É considerada referência para profissionais e pesquisadores de teatro e dança.


Arte nova ZoraideZORAIDE ARGÜELLO

A física Zoraide Argüello (1938-2002) lecionava na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro, quando foi contratada pelo Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW), em 1967. A pesquisadora foi a primeira aluna de doutorado brasileira a ser orientada pelo cientista Sérgio Porto. Para conclusão de sua tese, Zoraide fez parte de suas pesquisas no Bell Laboratories, nos Estados Unidos.

 A professora organizou o Grupo de Crescimento de Cristais e Filmes Finos do Departamento de Física Aplicada. Foi precursora na produção dos primeiros cristais semicondutores da América Latina, o que abriria caminhos para a independência da indústria eletrônica do Brasil. Segundo reportagem do jornal Correio Popular em 1972, o estudo foi “o passo mais importante rumo à nacionalização de materiais e métodos para confecção de dispositivos sofisticados".

 

 

 


aRTE sABATINOHUGO SABATINO

Quando se fala em parto humanizado no Brasil, temos o médico obstetra Jose Hugo Sabatino como referência. De nacionalidade argentina, se formou na Universidade Nacional de Córdoba. Em 1976, foi convidado para integrar o Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp.

Na década de 1980, formou o Grupo de Pesquisa e Assistência “Parto Alternativo”, no Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti (Caism), com o propósito de humanizar o atendimento médico do nascimento. Também disseminou o método do parto de cócoras em vários lugares do país. Em 1990, idealizou uma cadeira de atenção, que dava maior facilidade às mães nesse tipo de parto. A patente foi doada à Unicamp. 

O professor foi autor de diversos livros na área, ganhou prêmios nacionais e internacionais. Aposentou-se em 2011, quando foi convidado para atuar na Rede Cegonha, programa do Ministério da Saúde. Em 2017 voltou à Unicamp como professor colaborador da Faculdade de Enfermagem (FEnf). Sabatino faleceu em novembro de 2019.

 


DELIA RODRIGUEZ AMAYA arteDELIA RODRIGUEZ-AMAYA

Delia Rodriguez-Amaya foi professora da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp. A história de dedicação à Universidade começa em 1977, quando foi contratada. Ao longo de 33 anos de atuação na instituição, a cientista escreveu mais de 250 publicações na área de análise e química de alimentos, a maioria com circulação internacional.

Como pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação (Nepa), foi coordenadora científica do Projeto TACO (Tabela Brasileira de Composição de Alimentos), cuja primeira versão foi apresentada em 2004. A parceria com o Ministério da Saúde resultou em um trabalho pioneiro em toda a América Latina. A equipe de pesquisadores constituiu um banco de dados de nutrientes, baseado em análises laboratoriais de amostras representativas dos 198 alimentos mais consumidos no Brasil.

Delia se aposentou em 2010, mas seguiu atuando em diversas fundações internacionais de ciência. Foi a primeira mulher a presidir a Academia Internacional de Ciência e Tecnologia dos Alimentos (IAFoST), entre 2014 e 2016. Também foi consultora da ONU (Organização das Nações Unidas) para Agricultura e Alimentação. Em Assembleia Extraordinária do Conselho Universitário (CONSU) da Unicamp, realizada em abril de 2017, recebeu o título de professora emérita.


NC Demerval arteDEMERVAL SAVIANI

Natural de Santo Antônio de Posse (SP), Demerval Saviani se mudou para a capital paulista ainda pequeno, quando sua família de trabalhadores rurais decidiu deixar o campo. Formou-se em Filosofia pela PUC-SP. Em 1967, atuou como professor do curso de pedagogia da mesma instituição, enquanto fazia seu doutorado. Também foi docente em instituições como UFSCar e USP. Ingressou na Unicamp em 1980, onde, mesmo aposentado, permanece até hoje como professor colaborador do Departamento de Filosofia e História da Educação da Faculdade de Educação (FE).

O professor foca pesquisas em política educacional brasileira, história da educação e da escola pública e teorias da educação. É autor de obras de referência na área, como “Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações”, “Escola e Democracia”, “Educação brasileira: estrutura e sistema” e “História das ideias pedagógicas no Brasil”. Em seu currículo, está a participação na criação da ANDES (Associação Nacional da Educação), ANPED (Associação Nacional da Educação e Pesquisas em Educação), CEDES (Centro de Estudo de Educação e Sociedade) e coordenação do Grupo Nacional de Estudos e Pesquisas “História, Sociedade e Educação no Brasil”, cuja sede é na FE/Unicamp.

Saviani foi condecorado com a medalha de Mérito Educacional do Ministério da Educação e recebeu da Unicamp o Prêmio Zeferino Vaz de produção científica. A instituição também lhe reconheceu como professor emérito em 2002.


Mariza CorrêaMARIZA CORRÊA

A trajetória de Mariza Corrêa (1945-2016), professora do Departamento de Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) por 30 anos, é alinhada com a criação do Núcleo de Estudos de Gênero, o PAGU. Nos anos 80, os estudos de ciências humanas passaram a articular questões de gênero com raça, geração, religião e nacionalidade. Mariza, autora do livro “Morte em família – representações jurídicas dos papeis sexuais”, conduziu várias pesquisas sobre violência contra as mulheres. 

Mas a história de Mariza com o gênero começa antes. A pesquisadora, também formada em jornalismo, viveu intensamente a onda feminista das décadas de 1960 e 1970, marcada principalmente pelas ideias de Simone de Beauvoir. Acompanhou de perto movimentos nos Estados Unidos e, ao regressar, percebeu a gritante violência contra as mulheres brasileiras. O tema de seu mestrado foi, então, definido, sob orientação de Verena Stolcke. Passou a lecionar na Unicamp em 1976.

Mariza também desenvolveu e orientou trabalhos em história da Antropologia, incluindo um projeto temático na área. Presidiu a Associação Brasileira de Antropologia (ABA) entre 1994 e 1998. As últimas pesquisas da antropóloga abordaram as relações entre gênero e corporalidades, como convenções do masculino e do feminino e intervenções médicas sobre o corpo.


Martins arteJOSÉ MARTINS FILHO

O médico e professor José Martins Filho é internacionalmente reconhecido na área de pediatria, com foco em neonatologia, nutrição infantil e aleitamento materno. Atualmente membro da Academia Brasileira de Pediatria e com diversos prêmios e obras publicadas, o professor começou sua carreira na Unicamp em 1968, após concluir a Graduação na USP. Eram os primórdios do curso de medicina, que ainda funcionava nas dependências da Santa Casa de Misericórdia de Campinas, até a estrutura do campus próprio ficar pronta. Pioneiro na constituição do curso, Martins participou da criação do Departamento de Pediatria, composto inicialmente apenas por ambulatório, berçário e enfermaria, além de convênios que possibilitaram estágios dos residentes junto às comunidades atendidas em centros de saúde da região.

Na FCM, o professor assumiu atividades administrativas, como chefe do Departamento de Pediatria, presidente da Comissão de Pós-Graduação em Pediatria, presidente do Conselho de Administração do Hospital de Clínicas, vice-diretor e, em seguida, diretor da unidade, cargo que exerceu entre 1988 e 1990. Na sequência, ocupou a Coordenadoria Geral da Unicamp, até chegar a reitor, cujo período de gestão foi entre 1994 e 1998.

Martins, atualmente aposentado, é professor emérito da Unicamp desde 2010 e segue como pediatra clínico, especialista em recém-nascidos e aleitamento materno. Integrante da Sociedade Brasileira de Pediatria, também se dedica à publicação de obras na área e participação em eventos.


Fúlvia GonçalvesFÚLVIA GONÇALVES

Natural de Pedreira (SP), Fúlvia Gonçalves se formou em Desenho e Plástica pela Faculdade de Artes Plásticas da Associação de Ensino de Ribeiro Preto. Fez Educação Artística e Licenciatura em Pedagogia na Faculdade de Educação da Associação de Ensino de Ribeirão Preto, onde passou a lecionar em 1968. Nesse período também se dedicava a mostras em galerias, museus e salões oficiais no Brasil e no exterior.

Em 1977, foi contratada pelo Instituto de Artes (IA) da Unicamp, onde participou da criação de cursos de extensão, graduação e pós-graduação em Artes Plásticas. Durante o tempo em que permaneceu na Universidade, também se dedicou à organização e participação em diversas eventos culturais. Aposentou-se em 1989, mas seguiu como professora convidada do IA. Artista premiada, expôs obras em espaços mundialmente conhecidos, como Museu do Louvre, em Paris, Museu de Arte, Ciência e Tecnologia Leonardo da Vinci, em Milão. Atualmente, Fúlvia dedica-se ao seu ateliê, montado no apartamento onde reside, e ao ensino de arte voluntário em instituições sociais de Campinas. Há obras de Fúlvia nos espaços da Unicamp, como o “Projeto Mater”, murais externos do Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti (Caism). No currículo da artista também está a ilustração de livros, como “Testemunhos do Passado Campineiro”, escrito pelo jornalista Benedito Barbosa Pupo.


Daniel Hogan arteDANIEL HOGAN

Daniel Hogan foi professor e pesquisador da Unicamp na área de demografia e relações do homem com a natureza. Na Unicamp na década de 1970, Hogan foi um dos primeiros pesquisadores convidados pela professora Elza Berquó, fundadora do Núcleo de Estudos de População (Nepo), para integrar o órgão.

Deu aulas no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) e também foi membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam). Liderou estudos sobre mudanças climáticas, solo e condições de vida de populações de cidades.

Hogan faleceu em 2010 e deixou um legado valioso para as atuais discussões sobre o meio ambiente e dimensões humanas. 

 

 

 

 


Brito arteCARLOS HENRIQUE DE BRITO CRUZ

Carlos Henrique de Brito Cruz é professor aposentado do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) da Unicamp e reitor da Universidade entre 2002 e 2005. Engenheiro eletrônico formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Brito fez pós-graduação na Unicamp e em instituições internacionais. Ingressou como docente no IFGW em 1982, unidade que dirigiu em dois períodos: 1991-1994 e 1998-2002. Suas pesquisas se concentram na física experimental, como foco em fenômenos ultra rápidos, aplicados ao estudo de materiais e telecomunicações.

Como reitor da Universidade, Brito destaca, em entrevista para o Jornal da Unicamp na ocasião de balanço de sua gestão, três principais realizações: a criação da Agência de Inovação Inova Unicamp, o Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (PAAIS) e expansão de vagas na graduação. 

Brito Cruz atuou na administração da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, a Fapesp, por mais de duas décadas. Entre 1996 e 2002, foi presidente da agência de fomento. Entre 2005 e 2020, atuou como diretor científico. Membro da Academia Brasileira de Ciências, o professor recebeu, entre diversos prêmios, a Ordem Nacional do Mérito Científico, reconhecimento nacional a personalidades por contribuições científicas e técnicas para o desenvolvimento da ciência. Em 2021, a Unicamp lhe concedeu o título de professor emérito. 


bernardo caroBERNARDO CARO

Bernardo Caro (1931-2007) foi educador e artista plástico por mais de 40 anos. Natural de Itatiba (SP), dedicou-se à criação artística a partir de 1964, quando foi incorporado ao Grupo Vanguarda de Campinas, coletivo de artistas que contribuíram para a introdução da arte contemporânea na cidade e renovação do cenário artístico local. Atuou como professor na PUC-Campinas. Na década de 70 participou de várias bienais nacionais e internacionais. Em 1983, começou sua jornada na Unicamp, com a missão de instalar o Departamento de Artes Plásticas no Instituto de Artes, unidade que dirigiu entre 1987 e 1990.  

Pintura, fotografia, realismo fantástico, gravuras abstratas e também baseadas em críticas sociais e políticas foram algumas das formas de expressão artística exploradas por Bernardo Caro. Participou de exposições individuais e coletivas, no Brasil, na América Latina e Europa. Descendente de espanhóis, um dos traços marcantes de suas obras era a união da tradição artística espanhola e a temática brasileira. Caro foi homenageado como cidadão andaluz, inclusive dando nome a uma das ruas da cidade de Villanueva del Trabuco. O Museu do Instituto Hispânico de São Paulo também levou seu nome a partir de 2001. Acervos internacionais e nacionais, como a Pinacoteca do Estado de São Paulo, contam com algumas obras do artista.

 


Ayda Ignez Arruda NCAYDA IGNEZ ARRUDA

A catarinense Ayda Ignez Arruda (1936-1983) se formou em matemática na Universidade Católica do Paraná. Após seu doutorado na Universidade Federal do Paraná foi contratada, em 1968, como professora titular da área de lógica e fundamentos da matemática do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC) da Unicamp. Chegou à diretoria do instituto em 1980 até 1983, ano de seu falecimento.

Foi professora visitante em diversas universidades no exterior e também publicou dezenas de artigos internacionais sobre lógica paraconsistente, teoria – aplicável em áreas como inteligência artificial e direito - que permite trabalhar com situações e opiniões contraditórias. Um dos precursores nesse tema no Brasil é o professor Newton da Costa, que foi orientador de Ayda e também lecionou na Unicamp por dois anos. A pesquisadora realizou diversos simpósios e teve importante papel na formação do Grupo de Lógica de Campinas, assim que chegou à cidade. Ao longo dos anos, o grupo foi agregando diversos estudiosos.

O acervo da professora Ayda foi doado ao Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência (CLE Unicamp) em 1990. O fundo conta com documentos pessoais, documentos administrativos, correspondências, trabalhos acadêmicos, artigos e recortes de jornais. Além de ter atuado na fundação do CLE, a professora também participou da constituição da Sociedade Brasileira de Lógica (SBL), que presidiu entre 1981 e 1983.


Antonio Arantes arteANTONIO AUGUSTO ARANTES NETO

Antonio Augusto Arantes Neto é professor do Departamento de Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp desde 1968. Mestre em Ciências Sociais pela USP e doutor em Antropologia Social pela Universidade de Cambridge (Inglaterra), Arantes se dedica ao estudo da identidade e patrimônio histórico e cultural brasileiro e já atuou em diversas instituições públicas na área.

Foi membro do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural do Estado de São Paulo, dirigiu as Associações Brasileira e Latino-Americana de Antropologia e participou da implementação da Convenção da UNESCO para Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial.  Presidiu o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT) e o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (CONDEPACC). Arantes já recebeu diversos reconhecimentos e homenagens por sua contribuição à antropologia brasileira. Um deles foi o título de professor emérito, concedido pela Unicamp em março deste ano. Mesmo aposentado, ele segue como colaborador em programas de pós-graduação no IFCH.


FAUSTO CASTILHO

fausto castilhoO filósofo Fausto Castilho, entre 1967 e 1972, ao lado de Zeferino Vaz, implantou a área de humanidades na Unicamp. Foi o primeiro diretor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), onde também criou o grupo de linguística – mais tarde o Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) – e o Departamento de Planejamento Econômico e Social (Depes), que originou o Instituto de Economia (IE). Ao aceitar o convite do reitor da Unicamp, levou professores do curso de planejamento econômico que a Prefeitura de São Paulo organizava desde 1965 com a ajuda do escritório da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina).

Fausto passou por diversas instituições de ensino superior do Brasil e do exterior. Foi aluno de intelectuais como Merleau-Ponty, Jean Piaget e Gaston Bachelard. Traduziu, na íntegra, obras de Descartes, Kant e Heidegger. 

Em 2008, o professor publicou a obra “O conceito de universidade no projeto da Unicamp”, onde relata sua experiência e ideias para a concepção da Universidade nos anos 1960, como membro da Coplan (Comissão de Planejamento da Unicamp). É ele quem propõe a ideia de “campus radial”, inclusive sob o ponto de vista arquitetônico, como se observa no campus de Barão Geraldo. 

Após o falecimento do professor, em 2015, colegas e a esposa de Fausto, Carmen Castilho, criaram a Fundação Fausto Castilho, com o objetivo de apoiar financeiramente ações de difusão na área de filosofia, como publicações e eventos. Em 2015, a Unicamp recebeu o acervo pessoal e bibliográfico do filósofo, estimado em 10 mil volumes.


Arte Bernardo BeiguelmanBERNARDO BEIGUELMAN

O geneticista Bernardo Beiguelman (1932-2010), nascido em Santos-SP, está entre os professores pioneiros da Unicamp. Após se formar pela USP, ingressou na nascente Universidade campineira em 1963. O pesquisador se instalou na Faculdade de Medicina, que ainda funcionava no prédio da Maternidade de Campinas. Beiguelman atuou, então, na criação do primeiro Departamento de Genética Médica da América Latina. 

Em 1969, com a construção da Cidade Universitária "Zeferino Vaz" no distrito de Barão Geraldo, Beiguelman fundou o primeiro Ambulatório de Genética Clínica do Brasil.  Também professor na USP, dedicou-se a várias áreas de pesquisa, em especial genética e epidemiologia da hanseníase. Publicou centenas de trabalhos em diversos periódicos e livros, além de comunicações científicas em congressos nacionais e internacionais.

Beiguelman se aposentou em 1997, mas continuou como professor colaborador do curso de pós-graduação em Genética do Instituto de Biologia. A carreira acadêmica lhe rendeu inúmeras homenagens. Recebeu da Unicamp, em 2004, o título de professor emérito. No mesmo ano, foi agraciado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) com a Ordem Nacional do Mérito Científico, na classe de comendador, por sua contribuição à Ciência e à Tecnologia. Foi conselheiro da Organização Mundial da Saúde (OMS) por 20 anos e membro da Academia Brasileira de Ciências. 

O acervo pessoal do professor, fonte de pesquisa histórica e científica, foi organizado e disponibilizado no Centro de Memória e Arquivo da FCM da Unicamp.


ANDRÉ TOSELLO arteANDRÉ TOSELLO

Foi a partir de uma visita ao Centro Tropical de Pesquisas e Tecnologia de Alimentos (Ital - Instituto de Tecnologia de Alimentos), em dezembro de 1966, que Zeferino Vaz tomou a decisão de convidar o engenheiro agrônomo André Tosello (1914-1982) para se juntar à equipe fundadora da Unicamp. A trajetória deste pesquisador na Universidade foi marcada pela implantação da primeira faculdade de Engenharia de Alimentos da América Latina. Suas investigações se concentravam nas áreas de máquinas agrícolas e matérias-primas na agropecuária. Foi, por exemplo, autor do projeto do primeiro trator nacional, no fim dos anos de 1940.

A história do professor está alinhada à história da engenharia de alimentos no Brasil. Formado na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ) da Universidade de São Paulo – USP, dois anos depois Tosello já lecionava Mecânica de Máquinas na mesma instituição. Após passar por diversas instituições de pesquisa, foi o primeiro diretor do Ital, fundado em 1963. O convite de Zeferino Vaz para integrar a nascente universidade de Campinas foi aceito. Em 1967, tiveram início as atividades de planejamento do curso de graduação em Tecnologia de Alimentos. Nascia a Faculdade de Tecnologia de Alimentos, dirigida por Tosello entre 1967 e 1980. Em 1975, passou a se chamar Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), pioneira na América Latina e reconhecida internacionalmente. O curso teve início nas dependências do Ital. Em 1971, parte das instalações do instituto seguiram para a Unicamp. A proposta do curso era abordar a tecnologia de todos os tipos de alimentos, com aplicação simultânea da ciência e da engenharia na fabricação, distribuição e consumo dos produtos.

Em 2014, no centenário de nascimento do professor, foi lançada a obra “Muitos: uma Biografia de André Tosello”, pela Editora da Unicamp e Fundação André Tosello. O livro, escrito pelo jornalista Ricardo Lima, reúne depoimentos de mais de 40 entrevistados e resulta de uma ampla pesquisa documental.


ANA FONSECA arteANA MARIA FONSECA

A socióloga Ana Maria Medeiros da Fonseca (1950-2018) extrapolou as fronteiras da academia e se tornou referência nacional e internacional em pesquisas relacionadas ao combate à pobreza e à redução das desigualdades sociais no Brasil e na América Latina. Nascida no Ceará, Ana ingressou na Unicamp como aluna do curso de História. Fez graduação e mestrado no Instituto De Filosofia e Ciências Humanas IFCH - Unicamp e concluiu o doutorado em História Social na USP. Em 1987, iniciou como pesquisadora do Nepp (Núcleo de Estudos de Políticas Públicas), função que conciliou com a atuação como gestora pública e consultora internacional.

Programas municipais, estaduais e federais de transferência de renda foram foco do trabalho da cientista. Na Unicamp, entre diversas pesquisas, avaliou os primeiros programas de distribuição de renda, como o Renda Mínima e o Bolsa Escola. Percorreu, na década de 90, inúmeros municípios para acompanhar o andamento e resultados de cada iniciativa. Em Campinas, atuou como assessora do programa Renda Mínima, o que lhe abriu portas para coordenar a implantação na cidade de São Paulo. Foi na capital paulista que a pesquisadora desenvolveu estudos com vistas à unificação de vários programas de distribuição de renda existentes.

Em outubro de 2003, em virtude dessa experiência, foi convidada para coordenar o programa Bolsa Família, em âmbito federal. Também foi Secretária Executiva do Ministério do Desenvolvimento Social de fevereiro a novembro de 2004. Nesse ano, iniciou como consultora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Entre 2007 e 2009, Ana Fonseca atuou como consultora da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Em outubro de 2020, Ana foi homenageada durante o seminário virtual "Políticas Públicas, Cidadania e Enfrentamento das Desigualdades - Ana Fonseca”, com debates e conferências sobre as desigualdades e as políticas de transferência de renda no Brasil. Na programação foi lançado o site temático sobre a pesquisadora.


Nossos Cientistas Amaral LapaJOSÉ ROBERTO DO AMARAL LAPA

O historiador José Roberto do Amaral Lapa (1929-2000) nasceu em Campinas-SP e foi na cidade natal que desenvolveu pesquisas, lecionou e fundou o Centro de Memória Unicamp (CMU), sobre a história do município. 

Lapa foi professor do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, onde também desenvolveu e orientou pesquisas sobre história e economia  do Brasil colonial e Império. Em 1985, como presidente da Comissão de Documentação da Unicamp, o pesquisador atuou na assinatura de um convênio entre a Universidade e o Tribunal de Justiça do Estado, a fim de transferir milhares de documentos de  Campinas e região para o campus e garantir sua salvaguarda. Era o embrião do CMU, que seria fundado no mesmo ano e constituído por uma equipe multidisciplinar de pesquisa. O órgão, desde então, tem sido responsável pela captação, organização, preservação, disponibilização e difusão de acervos documentais, especialmente sobre Campinas, assim como a produção de pesquisas e publicação de livros e periódicos interdisciplinares, com ênfase na articulação entre memória e história.

Mesmo após sua aposentadoria, em 1999, Lapa seguiu trabalhando na orientação de trabalhos  de pesquisa e publicações. Em 2000, meses depois de seu falecimento, foi homenageado pela Unicamp com o título de professor emérito. No mesmo ano, foi lançada a  obra “O garimpeiro dos cantos e dos antros de Campinas: homenagem a José Roberto do Amaral Lapa, coletânea organizada por Olga von Simson, professora e colega do professor no CMU. 


Carola arteCAROLA DOBRIGKEIT

Professora do Departamento de Raios Cósmicos e Cronologia (DRCC) do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) da Unicamp desde 1974, Carola se formou na mesma instituição. Também fez doutorado pela Unicamp, orientada por Cesar Lattes. Tem como áreas de investigação os raios cósmicos, astropartículas, física de partículas elementares e física nuclear de altas energias.

A pesquisa sobre radiação cósmica no Brasil tem como uma das principais referências a professora Carola. Além de atuar em cargos administrativos como diretoria associada, chefe de departamento e coordenadora de cursos na Universidade, a cientista representa a comunidade acadêmica em diversas instituições nacionais e internacionais. Uma delas é a colaboração Pierre Auger, um dos maiores observatórios do mundo para estudos e detecção de raios cósmicos. Também estão no currículo da cientista experiências como participante do Conselho Técnico Científico da Rede Nacional de Física de Altas Energias (RENAFAE), representante do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) no Astroparticle Physics International Forum (APIF), membro do Comitê Assessor de Física e Astronomia do CNPq e do Comitê Gestor da FAPESP para o experimento LLAMA (Large Latin American Millimetric Array). Carola também aposta na divulgação científica, abordando temas de física em palestras voltadas ao público em geral e com linguagem acessível. 


doris kowaltowskiDORIS KOWALTOWSKI

Doris Catharine Cornelie Knatz Kowaltowski nasceu em Hamburgo (Alemanha). Formou-se em arquitetura pela Universidade de Melbourne (Austrália), em 1969. Na Universidade da Califórnia, em Berkeley-EUA, fez mestrado e doutorado. Em 1988, ingressou na Unicamp em funções técnico-didáticas do Departamento de Construção Civil da então Faculdade de Engenharia de Limeira (FEL), atual Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC). No ano seguinte, iniciou as atividades como docente da unidade. Entre diversas atividades administrativas, atuou no processo de implantação do curso de arquitetura e urbanismo, criado em 1997, que também coordenou por dois mandatos. Foi também diretora associada da FEC entre 2002 e 2006.

Em 2003, Doris recebeu o Prêmio de Reconhecimento Acadêmico “Zeferino Vaz”. No âmbito da pesquisa e ensino, a professora atua em áreas como projeto arquitetônico, arquitetura escolar e habitação social. Atualmente aposentada, Doris segue como colaboradora da FEC, na coordenação de diversos projetos de pesquisa e no programa de pós-graduação em Arquitetura, Tecnologia e Cidade.

 


Raul do Valle arteRAUL DO VALLE

Natural de Leme-SP,  Raul Thomaz Oliveira do Valle fez licenciatura em educação musical no IAAERP - Instituto de Artes da Associação de Ensino em Ribeirão Preto-SP e composição e regência no Conservatório Musical de Santos. Ingressou na Unicamp em 1974 como professor do Departamento de Música do Instituto de Artes. Com especialização em música eletroacústica, é pesquisador nas áreas de educação musical e composição. Sua produção inclui obras sinfônicas de câmara e eletroacústicas, trilhas para filmes, teatro, dança e espetáculos multimídia. O professor também atuou, em 1983, na fundação do Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora (NICS) da Unicamp.

Raul do Valle se aposentou em 1986, mas segue como colaborador da instituição. É membro fundador da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea (SBMC), da Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica (SBME), da Academia Paulista de Música e da Academia Campineira de Música. Reconhecido nacional e internacionalmente com diversos prêmios, também é membro efetivo da Academia Brasileira de Música.




arte Wilson Cano

WILSON CANO

O economista Wilson Cano (1937-2020) ingressou na Unicamp em 1968. Desde então, dedicou-se em tempo integral à carreira acadêmica, tendo publicado diversos livros, principalmente sobre industrialização Brasileira. Ainda nos anos 60, após sua graduação pela PUC-SP, iniciou o curso de Planejamento e Desenvolvimento Econômico da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe). Em apenas quatro meses, passou de aluno a professor. Os estudos, que aprofundavam dados sobre a realidade brasileira, aconteciam em pleno regime militar. Foi nesse momento que o economista foi chamado por Zeferino Vaz para integrar o time de docentes de humanidades da nascente Universidade no interior de São Paulo.

Na Unicamp, Wilson Cano ajudou a fundar o Departamento de Planejamento Econômico e Social (Depes), embrião do Instituto de Filosofia e Ciência Humanas (IFCH), que dirigiu entre 1976 e 1980. Alguns cursos da Cepal, até então dados apenas no Chile, passaram a ser oferecidos pela Unicamp, numa iniciativa inédita no país. Também participou da criação do Instituto de Economia (IE) da Universidade, unidade em que atuou como professor colaborador mesmo após se aposentar, em 2007.

Em inúmeros artigos e publicações, Cano pesquisou a fundo a temática industrial e analisou a formação do mercado nacional. Estudou as raízes do subdesenvolvimento em diversos países latino-americanos. Em 2008, recebeu o título de pesquisador emérito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).


Testezlaf arte

ROBERTO TESTEZLAF

O engenheiro agrícola Roberto Testezlaf nasceu em Mogi-Guaçu-SP, em 1956. Graduou-se em Engenharia Agrícola pela Unicamp. Em 1980, passou a atuar como docente da “Faculdade de Engenharia de Alimentos e Agrícola” da instituição, unidade que, cinco anos depois, foi desmembrada entre Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) e Faculdade de Engenharia de Alimentos (Feagri). Nesta última, Testezlaf seguiu lecionando e desenvolvendo pesquisas em engenharia, tecnologia e automação de irrigação. Equipamentos, manejo e impactos ambientais também são temas presentes em suas publicações e orientações de trabalhos. Entre diversos livros editados, está a obra “Irrigação: Métodos, Sistemas e Aplicações”, de 2017, que aborda o assunto de forma didática e acessível a diversos públicos.

Testezlaf também desempenhou funções administrativas na unidade, como a chefia do Departamento de Águas e Solos, coordenadoria de pós-graduação, direção associada e direção geral. Em 2011, o professor foi reconhecido por suas atividades acadêmicas com o Prêmio “Zeferino Vaz”, concedido pela Unicamp. Aposentou-se em 2016.

 


Iracema Moraes Arte

IRACEMA MORAES

A trajetória profissional e acadêmica de Iracema Moraes confunde-se com a criação da própria Faculdade de Tecnologia de Alimentos (FTA) da Unicamp, mais tarde denominada Faculdade de Engenharia de Alimentos, a FEA. Já graduada em Matemática e atuando em diversas escolas, Iracema optou pela Engenharia de Alimentos como segunda faculdade em 1968. Foi aluna da primeira turma do curso, sendo contratada como docente quase imediatamente após a colação de grau, em 1970. Mais tarde, em 1982, iniciou mandato como diretora da unidade, cargo que ocupou por quatro anos. Iracema se dedicou à Ciência e Tecnologia de Alimentos, especialmente em temas como processos fermentativos, biopesticidas e outros bioprodutos, a exemplo de estudos para obtenção de biocombustíveis. 

Iracema se aposentou da Unicamp em 1988, mas seguiu como colaboradora na Universidade e em outras instituições de ensino e pesquisa. Participante de comissões de diversos órgãos governamentais, a engenheira também é membro da Fundação André Tosello, que tem por objetivo promover e disseminar conhecimentos científicos e tecnológicos por meio do incremento à pesquisa e da difusão de novas técnicas. 

 


arte sanfelice

JOSÉ LUIS SANFELICE

O filósofo e doutor em Educação, José Luis Sanfelice (1949-2021), nasceu em São José do Rio Preto. Fez graduação, mestrado e doutorado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Ingressou na Unicamp em 1981. Foi docente do Departamento de Filosofia e História da Educação (DEFHE), da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp. Entre 1990 e 1996 dirigiu a unidade. Em 2002, foi reconhecido pela instituição com o “Prêmio Zeferino Vaz” por suas atividades acadêmicas. Também foi pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisa História, Sociedade e Educação no Brasil  (HISTEDBR) e membro do Conselho Editorial da Revista HISTEDBR. A partir do compromisso com a defesa da educação pública, suas pesquisas e orientações de trabalhos abrangiam as áreas de história da educação, história das instituições escolares e política educacional. 

Sanfelice se aposentou da Unicamp em 2012, mas seguiu como colaborador no programa de pós-graduação em Educação até seu falecimento, em abril de 2021. Também lecionou em outras instituições, como Universidade do Vale do Sapucaí, em Pouso Alegre (MG), e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). 

 


AMILCAR artefinal

AMILCAR OSCAR HERRERA

O geólogo e professor Amilcar Oscar Herrera (1920-1995) atuou na criação do Instituto de Geociências (IG) da Unicamp e do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT/IG) 

Nascido na Argentina, Herrera foi professor e pesquisador em diversas instituições latino-americanas. Na Universidade do Chile, a partir de 1966, iniciou estudos sobre política científica e tecnológica. Em 1979, veio para a Unicamp a partir do convite para implantar o IG. A proposta tinha sido feita pelo reitor Zeferino Vaz dois anos antes, quando o professor visitou o Brasil durante o “Seminário C&T e Estratégias para Independência”, organizado na Universidade. 

Desde seu início, ainda com poucos colaboradores, o IG adotou uma abordagem multidisciplinar, unindo as áreas de ciências da terra com política e gestão de ciência e tecnologia. Os estudos sobre recursos minerais foram o ponto de partida do instituto. As atividades acadêmicas iniciais foram focadas em pesquisa e na pós-graduação. A graduação veio depois, em 1998.

Herrera se aposentou em 1990, mas seguiu como professor convidado no DPCT. Em 1992, recebeu o título de Professor Emérito em Assembleia Extraordinária do Conselho Universitário (CONSU) da Unicamp. 


Giuseppe Cilento arte

GIUSEPPE CILENTO

Logo após o lançamento da pedra fundamental da Unicamp em 1966, o reitor Zeferino Vaz focou na seleção dos cientistas que estariam na linha de frente da implantação das diversas unidades de ensino e pesquisa da jovem Universidade. Giuseppe Cilento (1923-1994), italiano naturalizado brasileiro e então docente da USP, foi convidado para atuar na constituição do Instituto de Química (IQ). Cilento já era, na época, internacionalmente reconhecido com importantes pesquisas na área de fotobioquímica.

Os estudos interdisciplinares da química, desenvolvidos pelo pesquisador também de forma pioneira, também possibilitaram o avanço de pesquisas em biofísica, bioquímica, biologia molecular, toxicologia e biotecnologia. No início dos anos 70, Cilento descobriu que algumas reações produzem luz e fotoquímica, sem a necessidade de se usar uma fonte externa de excitação. E como relacionar esse fenômeno com as reações que acontecem no corpo humano? Nascia um novo campo de investigação: a “fotoquímica sem luz”.

O professor foi o primeiro diretor do IQ, onde permaneceu até 1978. Por conta do trabalho desempenhado na fundação do instituto, recebeu o Prêmio Moinho Cientista (atual Prêmio Fundação Bunge). Em 1991, recebeu o título de professor emérito da Unicamp. 


Arte Walter HadlerWALTER AUGUST HADLER

O médico Walter August Hadler (1919-1998) foi o primeiro docente contratado pela Unicamp, em fevereiro de 1963. Vindo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), ingressou na nascente Universidade como professor titular e diretor do Departamento de Histologia e Embriologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM). Composto também pelos cursos de anatomia e genética, o Instituto de Morfologia, dirigido por Hadler, foi o ponto de partida para a criação do Instituto de Biologia (IB).

Em 1967, por proposta da Comissão Organizadora da Unicamp, presidida por Zeferino Vaz, o IB começa suas atividades, incorporando o Departamento de Histologia e Embriologia. Hadler foi o primeiro coordenador do Instituto, a partir de 31 de janeiro de 1967. Em 1975, assumiu a gestão do Departamento de Morfologia. Dedicou suas pesquisas ao campo da hanseníase (lepra) e publicou diversos trabalhos relacionados com a patologia e possíveis tratamentos. Participou ativamente da Sociedade Brasileira de Leprologia. Hadler se aposentou em 1989, mas seguiu com atividades acadêmicas até 1992, quando recebeu o título de professor emérito da Universidade.

 


Neder FOP

ANTÔNIO CARLOS NEDER

Antônio Carlos Neder (1933-2019) é considerado referência nacional e internacional em odontologia. Cirurgião dentista formado pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP), passou a dar aulas na mesma unidade e chegou a diretor no período 1978 a 1982. Natural de Piracicaba, o docente atuou nas áreas de Farmacologia, Anestesiologia e Terapêutica e atuou, inclusive, na criação do primeiro curso de pós-graduação em Farmacologia Medicamentosa aplicada à Odontologia

Neder foi pioneiro na criação da primeira Faculdade de Odontologia da Europa, localizada em Viseu (Portugal). Ajudou também a implantar a Faculdade de Medicina de Araguaína, no estado de Tocantins. Ao longo de sua carreira, publicou diversas obras científicas e participou de milhares de conferências no Brasil e no exterior. Aposentou-se da Unicamp em 1993.

 

 

 



Arte IanniOCTAVIO IANNI

O sociólogo Octavio Ianni (1926-2004) é lembrado como um dos maiores intelectuais do Brasil. Formado pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP em 1954, o sociólogo foi convidado logo depois de sua formatura para atuar como assistente de Sociologia I, cujo titular era Florestan Fernandes. Com a ditadura militar e o AI-5, teve que deixar a USP. Passou a dar aulas na PUC-SP e entrou para o grupo de pesquisadores do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), além de atuar como professor-visitante em universidades internacionais. Voltou à USP em 1997, mas optou por deixar a instituição pouco tempo depois e migrar para a Unicamp, onde concluiu sua carreira. Mesmo aposentado, Ianni deu aulas na Unicamp como colaborador até poucos dias antes de falecer, em 6 de abril de 2004. A instituição lhe concedeu título de professor emérito em 2000.

Ianni fez parte da consolidação dos estudos sociológicos voltados ao conhecimento do país. Participou da chamada Escola Paulista de Sociologia, traçando um novo panorama sobre os estudos raciais no Brasil, além de ter formulado uma agenda específica de pesquisas acerca do desenvolvimento e do subdesenvolvimento econômico nacional. Ao longo de sua trajetória acadêmica, trabalhou e escreveu diversas obras sobre temas ligados às desigualdades sociais, populismo, estado e capitalismo. Nos últimos anos de trabalho, dedicou-se a investigações sobre globalização. 


OSVAIR TREVISAN arte

OSVAIR VIDAL TREVISAN

A trajetória acadêmica de Osvair Vidal Trevisan (1952-2018) na Unicamp começou ainda na graduação na Faculdade de Engenharia Mecânica, onde também fez mestrado, doutorado e se tornou professor na área de engenharia de petróleo. Foi um dos primeiros pesquisadores da Unicamp em temas como engenharia de reservatórios, análise de testes de pressão e recuperação avançada de petróleo.

Dirigiu o Centro de Estudos de Petróleo (Cepetro) da Unicamp por quatro gestões (1990-1993, 1993-1996, 2008-2011, 2011-2014), realizando inúmeras pesquisas em parceria e convênios com indústrias do setor. Conduziu as atividades do Laboratório de Métodos Miscíveis de Recuperação (LMMR) e Laboratório de Petrofísica. Em 2016, a Agência Nacional de Petróleo (ANP), onde Trevisan atuou como Superintendente de Exploração, lhe concedeu o título de personalidade do ano, pela contribuição à pesquisa, ao desenvolvimento tecnológico e à inovação no setor energético brasileiro.

 

 


NossosCientistas Silvia Santiago

SILVIA SANTIAGO

A história da médica sanitarista Silvia Santiago com a Unicamp começa em 1977, quando ingressa na graduação na Faculdade de Ciências Médicas (FCM). Em 1985, inicia como professora da mesma unidade, onde segue até hoje, no Departamento de Saúde Coletiva. 

Entre as inúmeras realizações de ensino, pesquisa e extensão ao longo de sua trajetória, estão a gestão do Projeto OncoRede - de articulação de serviços de saúde para esferas municipais e estaduais para atenção a pacientes com câncer, avaliações de sistemas de saúde, pesquisas em saúde da mulher, saúde nas penitenciárias, atenção integral e equidade no atendimento à saúde da população negra. Em 2015, Silvia recebeu medalha concedida pelo Grupo “Força da Raça”, entidade do movimento negro de Campinas, aos profissionais que se destacam em atividades voltadas ao ensino, pesquisa e projetos sociais junto à comunidade negra da região.

Atualmente Silvia é vice-coordenadora do Observatório de Direitos Humanos, vinculado à Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DeDH/Unicamp), cuja missão é promover a tolerância, a cidadania, a inclusão, a diversidade, a pluralidade e a equidade na instituição. A professora integra ainda a Força-Tarefa Unicamp contra a Covid-19, com pesquisas e ações comunitárias.


rubens murillo marques

RUBENS MURILLO MARQUES

O físico Rubens Murillo Marques foi um dos professores pioneiros na constituição da Unicamp na década de 60. Em 1966 foi contratado para lecionar bioestatística no curso médio da Faculdade de Medicina. Um ano depois foi designado pelo reitor Zeferino Vaz, como primeiro coordenador – posteriormente diretor - do Instituto de Matemática, cargo que ocupou até 1971. Estruturou o currículo e propôs a criação do bacharelado em Estatística em 1968. Implantou em 1969 na Unicamp o primeiro bacharelado em Ciências da Computação no Brasil, a partir de um projeto elaborado em tempo recorde e que se tornou modelo para diversas instituições de ensino superior. No primeiro vestibular, foi o segundo curso mais disputado da Universidade, ficando atrás apenas de Medicina. No bojo da criação do curso de Computação, Marques propôs a ampliação da infraestrutura computacional do campus, o que culminou na aquisição do primeiro computador da Unicamp, um modelo IBM 1130. 

Em 1975 afastou-se temporariamente da Universidade para exercer o cargo de Diretor Geral do Departamento de Estatística da Secretaria da Economia e Planejamento. Marques também foi assessor da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e diretor-presidente da Fundação Carlos Chagas (FCC). Há 11 anos a instituição criou um prêmio que leva o nome do professor. A iniciativa valoriza e divulga experiências educativas inovadoras, propostas e realizadas por docentes dos cursos de Licenciatura na formação de professores para a educação básica.  


NossosCientistas AntonioCandido

ANTONIO CANDIDO

Antonio Candido de Mello e Souza (1918-2017) está entre os maiores intelectuais do Brasil. Natural do Rio de Janeiro, atuou como crítico literário, sociólogo e ensaísta, sendo uma das principais referências em estudos sobre a cultura brasileira. Estudioso da literatura nacional e estrangeira, foi autor de extensa obra crítica, respeitada nas principais universidades do país. Uma de suas principais publicações é “Formação da Literatura Brasileira”, de 1959. 

Na área acadêmica, ingressou em 1942 como professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, onde permaneceu por 50 anos. Na instituição, foi reconhecido como docente emérito, assim como na Unesp. Entre diversos  prêmios, recebeu o Prêmio Jabuti em 1965 e 1993; Prêmio Machado de Assis em 1993; Prêmio Anísio Teixeira em 1996 e Prêmio Camões em 1998. 

Candido recebeu o título de doutor honoris causa na Unicamp em 1987. Cerca de uma década antes, participava da fundação do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), após proposta aceita pelo então reitor da Universidade, Zeferino Vaz. Foi o primeiro diretor da unidade, onde deu aulas por dois anos e meio.


tojal

JOÃO BATISTA TOJAL

Falar em João Batista Tojal é falar na idealização e criação da Faculdade de Educação Física (FEF) Unicamp. O educador físico, formado pela PUC-Campinas, ingressou na Universidade em 1969. Começou a trabalhar com esporte no curso de medicina. Foi então convidado para trabalhar na Assessoria Técnica da Reitoria para a Educação Física e Esportes (Atrefe). Na época, educação física era disciplina obrigatória em todos os cursos. A Atrefe foi, portanto, um núcleo que deu origem à FEF, anos depois, em 1985. 

Após muito esforço para a criação de um curso específico de Educação Física na Unicamp, Tojal, em parceria com colegas professores, redigiu de próprio punho o texto que foi entregue ao Conselho Universitário em agosto de 1984, propondo a criação da unidade. Participou da fundação da faculdade e do centro esportivo integrado a ela, conhecido e frequentado pela comunidade interna e externa. A FEF foi a primeira do país a propor e introduzir o bacharelado na área da Educação Física. Apenas três anos após a implantação do bacharelado em Técnicas Desportivas e de licenciatura, iniciou o programa de mestrado e, em 1993, o de doutorado.

Ao longo de sua carreira, Tojal focou suas pesquisas e publicações em formação profissional, ética e motricidade humana. Essa última foi a área de pesquisa de seu doutorado na Universidade Técnica de Lisboa. Entre diversas obras na área, o professor publicou “Ética Profissional na Educação Física”. Aposentou-se da Unicamp em 2001. Em 2019, passou a integrar a Academia Brasileira de Educação Física (Abef). 


Elza berquó

ELZA BERQUÓ

Falar de Elza Salvatori Berquó é falar sobre o pioneirismo da demografia no Brasil. Por mais de seis décadas, a matemática, estatística e demógrafa vem pesquisando e convertendo dados em análises sobre o comportamento populacional. Queda de fecundidade entre paulistanas, aumento do suicídio entre jovens, saúde reprodutiva da mulher negra no Brasil e violência de gênero são algumas temáticas abordadas em seus estudos de forma inédita. 

Em 1966, na Faculdade de Saúde Pública da USP, foi uma das criadoras do primeiro núcleo de formação em demografia do país, o Centro de Estudos de Dinâmica Populacional (Cedip). Três anos depois, afastada da universidade pelo regime militar, ajudou a fundar o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), onde segue ativa até hoje, aos 94 anos de idade. 

Em 1982, Berquó foi convidada pelo então reitor José Aristodemo Pinotti para criar um núcleo de estudos multidisciplinares na Unicamp. Nascia, nesse ano, o Núcleo de Estudos de População (Nepo).  Em 2014, a Universidade lhe concedeu o título de Doutora Honoris Causa e alterou o nome do centro para “Núcleo de Estudos de População Elza Berquó”.