Ayda Ignez Arruda e sua trajetória profissional e científica na Unicamp

Abordar historicamente a trajetória profissional e científica da professora catarinense Ayda Ignez Arruda (1936-1983), professora do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC) da Unicamp, foi uma tarefa desafiadora para Suélen Machado, docente do Departamento de Matemática na Faculdade de Engenharia e Inovação Técnico Profissional (FEITEP) e pesquisadora na área de História da Matemática. Orientada por Lucieli Trivizoli na Universidade Estadual de Maringá (UEM), Suélen defendeu a tese no fim de 2021, quando a Revista Brasileira de História da Matemática (ed. 41) publicou um artigo sobre pesquisa.

Ayda lecionava na área de Lógica e Fundamentos da Matemática. Participou do Grupo de Lógica de Campinas, fez intercâmbios e visitas a outras instituições, organizou eventos e seminários, foi membro fundadora do Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência (CLE). Também atuou na criação da Sociedade Brasileira de Lógica (SBL), entidade criada em 1979, um “feito” na época para as mulheres, com iniciativas inclusive destacadas pela mídia. “O que me chamou a atenção e me fez decidir pelo estudo biográfico da Ayda foi seu legado e obras em tão pouco tempo de vida, pois faleceu com 47 anos, em plena atividade científica”, destaca a pesquisadora.

Mesmo em momento de pandemia, a Unicamp cedeu centenas de documentos a Suélen, por meio de atendimento remoto, o que possibilitou que a pesquisa avançasse. Ela buscou fontes documentais no CLE (Fundo AIA) e no AC/SIARQ. “Por meio dessas digitalizações, tive acesso, por exemplo, aos seus primeiros trabalhos publicados, sua trajetória profissional e acadêmica no Paraná (por meio da apresentação de seus currículos), relatórios de pesquisa e viagens, alunos que orientou e seu processo de vida funcional na Unicamp”. 

A entrada de Ayda na Unicamp se deu graças ao convite de Newton Carneiro Affonso da Costa, seu orientador e parceiro de pesquisas desde a década de 1960. Em 1968, já considerado pioneiro nos estudos de Lógica no país, Newton se mudou do Paraná para Campinas e, já na Unicamp, a indicou como professora. Ela deu sequência aos trabalhos que já desenvolvia em Curitiba: a promoção da lógica matemática e organização de eventos nacionais e internacionais, sendo grande difusora da área no país. “Pode-se afirmar que Ayda foi a primeira mulher a trabalhar com lógica matemática no Brasil”, confirma a pesquisadora. Para complementar a pesquisa, Suélen também conversou com uma das irmãs de Ayda, que reside em Curitiba-PR. Em breve, a tese deve ser publicada em formato de livro, a convite do CLE.

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