O Dia Internacional dos Arquivos, celebrado em 9 de junho, trouxe um debate online sobre o papel e desafios dos arquivos institucionais no contexto da pandemia do novo coronavírus, promovido pela Rede de Arquivos do Estado de São Paulo, a Redarq, e pelo Arquivo Público do Estado de São Paulo, APESP. A transmissão, inclusive, foi feita pelo Facebook e pelo canal do YouTube do Arquivo Público do Estado de São Paulo. Mediado por Antônio Carlos Galdino, coordenador do Arquivo Municipal de Campinas, teve participação de Paulo Elian e Luciana Heymann, da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz; Cristina Costa Marques, da Faculdade de Saúde Pública da USP e Ivone Yamagushi, do Instituto Butantan.
Reflexões sobre memória, relatos de experiências e ações futuras dos arquivos, especialmente aqueles que fazem parte de instituições científicas, compuseram a essência do evento. Ivone comentou a crescente importância dada aos documentos arquivísticos por parte dos pesquisadores em saúde pública. “Entre diversas atividades, trabalhamos atualmente com a recuperação de relatórios técnicos de mais de cem anos e aos poucos nosso trabalho está tendo cada vez mais valor para as investigações”, afirmou a profissional do Instituto Butantan. Com foco na questão social da pandemia e constituição da memória, Cristina Marques, da USP, salientou a peculiaridade do Covid-19 em um país com profundas desigualdades sociais como o Brasil. Caos político, grande mortalidade de negros e indígenas, lentidão em aquisição de equipamentos médicos, lotação de UTIs públicas, avanço da doença para as periferias e falta de transparência nos dados de saúde pública demonstram, segundo a pesquisadora, impacto coletivo da pandemia no país. “Nesse contexto, a memória documental tem o desafio de ser inclusiva e crítica, apresentar as desigualdades, diferentes posicionamentos institucionais e movimentos de resistência”, completou.As duas apresentações da Casa de Oswaldo Cruz versaram sobre o fortalecimento da relação entre profissionais de arquivo e os próprios cientistas, que produzem conhecimento e documentos específicos nas complexas atividades científicas. “As ações e programas de gestão arquivística devem se aproximar dos laboratórios, ter compromisso com o caráter social das informações e integrar políticas públicas na área”, destacou Paulo Elian. Na sequência, Luciana Heymann apresentou o projeto “Arquivos da Pandemia”, idealizado pela Fiocruz, de construção colaborativa entre membros da própria Fundação e da comunidade ao entorno. A proposta é montar um acervo sonoro, audiovisual, textual e fotográfico sobre vivências na pandemia, que será apresentado em uma plataforma digital. “Valem registros de isolamento social, ações solidárias, novas dinâmicas familiares, tudo o que puder fomentar narrativas e nossa memória institucional em um momento tão particular com este que vivemos”, concluiu.
O Arquivo Central/SIARQ-Unicamp integra a Redarq e participa da programação da 4ª Semana Nacional de Arquivos, que vai até dia 12 de junho.
Saiba mais: semanadearquivos.arquivonacional.gov.br/