Arquivos pessoais nas universidades

 Iniciativas e políticas de gestão documental para arquivos pessoais nas instituições de ensino superior nortearam a abertura de mais uma edição do “Café com Arquivo, o documento em debate”, em 31 de julho. O projeto de extensão é realizado a partir de parceria entre a coordenação de Documentação da FGV CPDOC e o Departamento de Arquivologia da UNIRIO. A diretora de Gestão e Preservação de Documentos e Informação do Siarq/Unicamp, Rafaela Basso, participou como palestrante, junto com Flávio Leal da Silva, doutor em Memória Social pela UNIRIO.

A definição de critérios que definem o interesse público de documentos pessoais foi uma das questões abordadas: “A incorporação de documentos pela instituição requer muitos cuidados na gestão e na difusão. É preciso pensar em como se dá esse acolhimento e na questão ética de acesso aos documentos pessoais”, comenta Flávio Leal da Silva.

Com a proposta de refletir sobre a preservação de arquivos pessoais, Rafaela Basso falou sobre algumas experiências do Arquivo Central/Siarq, que tem como objetivo fazer gestão documental e estabelecer uma política de arquivos para toda a Unicamp. Enquanto um arquivo universitário, o Siarq salvaguarda documentos importantes para tomadas de decisão, pesquisa e ensino. A maioria dos acervos pessoais diz respeito à memória científica da instituição e à relevante atuação de pesquisadores brasileiros. “Cito exemplos como o fundo de Sérgio Buarque de Holanda, de Zeferino Vaz e Cesar Lattes. São pioneiros e suas atuações são encontradas em arquivos pessoais, como currículos, memoriais, fotografias”, comenta a historiadora.

Quanto à política de aquisição de arquivos pessoais, Rafaela reforça que a custódia é assumida pelo Siarq quando há interesse público no conteúdo e ressslta a complexidade de trabalho com esses conjuntos: “existem muitas metodologias de tratamento desses fundos e repensar a organização dos documentos é um desafio que temos, desde os anos 80. Hoje estamos estruturando um novo sistema de repositório e acesso”, explica. No caso específico de documentos pessoais, muitos fundos permanecem abertos por vários anos por causa do processo de aquisição, geralmente feito em parceria com familiares ou a partir de grupos de trabalho da própria Universidade. A constituição de um fundo pessoal, em alguns casos, pode levar décadas: a de Sérgio Buarque de Holanda levou 20 anos e ainda conta com coleções que são complementares, formadas por teses, dissertações e documentos feitos a partir da própria consulta ao arquivo ao longo do tempo. “O tratamento reflete a complexidade da própria área arquivística e requer constante revisão de metodologias”, conclui Rafaela.