Welcome to SIARQ - UNICAMP   Click to listen highlighted text! Welcome to SIARQ - UNICAMP Powered By GSpeech

A trajetória de Gleb Wataghin e diplomacia científica

O físico russo-italiano Gleb Wataghin (1899-1986) é considerado pioneiro da física moderna no Brasil e formador das primeiras gerações do Departamento de Física da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) da USP. Sua trajetória acadêmica, especialmente suas ações no Brasil entre 1934 e 1971, foram tema do doutorado de Luciana Vieira Souza da Silva. A tese foi defendida na Faculdade de Educação da USP em 2020 e contou com financiamento da FAPESP. Uma das fontes de pesquisa foi o Fundo Zeferino Vaz, que faz parte do acervo histórico do AC/SIARQ.

Formada em Licenciatura em Ciências da Natureza, Luciana começou a estudar história da ciência ainda na graduação. O mestrado focou em professores italianos convidados para lecionar na USP dos anos 30, especialmente em Letras e Ciências Exatas. Nesta última, dentro do grupo recém-chegado ao Brasil, estava Gleb Wataghin. No início da  década de 40, em um contexto de ruptura do envolvimento da comunidade científica com fascismo, todos os docentes vindos da Itália tiveram seus contratos encerrados, com exceção de Gleb, que continuou no Brasil. Esse fato despertou a atenção de Luciana, que focou seus estudos de doutorado na trajetória brasileira do físico. Ao longo da pesquisa, buscou compreender a atuação do cientista na formação das primeiras gerações de físicos do Departamento de Física da USP, como pioneiro nos estudos dos raios cósmicos no país. Entre seus alunos, estavam cientistas como Marcello Damy e Cesar Lattes que, contratados por Zeferino Vaz, fizeram parte da equipe de pioneiros da Unicamp na década de 1960.

Por meio de exemplos de como o cientista conduzia suas investigações e constituía suas redes de contatos e a circulação do conhecimento entre os países, a pesquisadora observou Gleb Wataghin atento à política externa e à importância da internacionalização como tática para seguir sua carreira acadêmica. “Intercâmbios, visitas diplomáticas e contatos com cientistas estadunidenses e franceses passaram a fazer parte da agenda do físico, que abriu caminhos para entendermos a relação entre ciência e diplomacia”, avalia a pesquisadora.

O ano de 1971 foi marcante para Wataghin e a Unicamp. Recebeu da Universidade o título de doutor honoris causa, o primeiro conferido pela jovem instituição. O Instituto de Física passou a se chamar “Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW)”, denominação que permanece até hoje. A foto levantada no AC/SIARQ em que Gleb aparece em frente ao IFGW foi o fechamento da tese de Luciana, não por acaso. “O reconhecimento de Wataghin como formador de diversos físicos em várias instituições, como a USP e a Unicamp, reflete como ele soube manter suas redes de contatos ativa no campo científico em vários países pelo qual passou”, analisa Luciana. 

O conjunto documental que deu base para a tese é composto por correspondências, documentos institucionais, jornais, entrevistas, artigos, relatórios, entre outros. No que tange ao trabalho desenvolvido nos arquivos e museus que visitou, Luciana destaca a importância dos profissionais de arquivo no atendimento ao pesquisador, baseado em diálogo e no interesse pelos temas pesquisados: “Chegamos ao arquivo, muitas vezes, apenas com documentos sinalizados em inventário, porém uma conversa com o profissional acaba resultando em buscas de documentos ainda mais interessantes e agregadores à pesquisa”, comemora Luciana.

Arte Publi GlebWataghin

Ayda Ignez Arruda e sua trajetória profissional e científica na Unicamp

Abordar historicamente a trajetória profissional e científica da professora catarinense Ayda Ignez Arruda (1936-1983), professora do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC) da Unicamp, foi uma tarefa desafiadora para Suélen Machado, docente do Departamento de Matemática na Faculdade de Engenharia e Inovação Técnico Profissional (FEITEP) e pesquisadora na área de História da Matemática. Orientada por Lucieli Trivizoli na Universidade Estadual de Maringá (UEM), Suélen defendeu a tese no fim de 2021, quando a Revista Brasileira de História da Matemática (ed. 41) publicou um artigo sobre pesquisa.

Ayda lecionava na área de Lógica e Fundamentos da Matemática. Participou do Grupo de Lógica de Campinas, fez intercâmbios e visitas a outras instituições, organizou eventos e seminários, foi membro fundadora do Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência (CLE). Também atuou na criação da Sociedade Brasileira de Lógica (SBL), entidade criada em 1979, um “feito” na época para as mulheres, com iniciativas inclusive destacadas pela mídia. “O que me chamou a atenção e me fez decidir pelo estudo biográfico da Ayda foi seu legado e obras em tão pouco tempo de vida, pois faleceu com 47 anos, em plena atividade científica”, destaca a pesquisadora.

Mesmo em momento de pandemia, a Unicamp cedeu centenas de documentos a Suélen, por meio de atendimento remoto, o que possibilitou que a pesquisa avançasse. Ela buscou fontes documentais no CLE (Fundo AIA) e no AC/SIARQ. “Por meio dessas digitalizações, tive acesso, por exemplo, aos seus primeiros trabalhos publicados, sua trajetória profissional e acadêmica no Paraná (por meio da apresentação de seus currículos), relatórios de pesquisa e viagens, alunos que orientou e seu processo de vida funcional na Unicamp”. 

A entrada de Ayda na Unicamp se deu graças ao convite de Newton Carneiro Affonso da Costa, seu orientador e parceiro de pesquisas desde a década de 1960. Em 1968, já considerado pioneiro nos estudos de Lógica no país, Newton se mudou do Paraná para Campinas e, já na Unicamp, a indicou como professora. Ela deu sequência aos trabalhos que já desenvolvia em Curitiba: a promoção da lógica matemática e organização de eventos nacionais e internacionais, sendo grande difusora da área no país. “Pode-se afirmar que Ayda foi a primeira mulher a trabalhar com lógica matemática no Brasil”, confirma a pesquisadora. Para complementar a pesquisa, Suélen também conversou com uma das irmãs de Ayda, que reside em Curitiba-PR. Em breve, a tese deve ser publicada em formato de livro, a convite do CLE.

publiayda1

PodParaná, do G1, destaca trajetória do físico Cesar Lattes

O programa #PodParaná, podcast semanal produzido pelo G1, lançou em 28 de janeiro uma edição sobre o físico e professor da Unicamp, Cesar Lattes (1924-2005).  A matéria destaca a trajetória do docente, que nasceu em Curitiba (PR) em 1924. A fim de destacar o que o levou a se tornar mundialmente reconhecido, como a descoberta da partícula méson pi, o podcast traz trecho de áudio do próprio professor, gravado em 1995, e entrevista com a professora do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW), Carola Chinelatto, que foi aluna de Lattes. As fotos que acompanham a publicação são do acervo histórico do AC/SIARQ.
 
O Fundo Cesar Lattes é considerado de interesse público e social desde a publicação do Decreto Federal de 1º de junho de 2011, por se tratar de um conjunto documental de grande relevância para a história da ciência, pela singularidade e ineditismo de suas descobertas, fundamentais para o desenvolvimento da física atômica em âmbito nacional e internacional. É composto por correspondências pessoais e oficiais, artigos científicos, anotações de pesquisa em mapas e cadernos de campo de reconstrução dos eventos coletados, certificados, fotografias pessoais e de trabalho, gravuras, além do acervo de chapas e filmes de emulsão nuclear, obtidos a partir da detecção dos raios cósmicos.
 
Acesse o conteúdo completo:
 
arte lattes podcast
 

Educação e Direitos Humanos: a percepção dos docentes da Unicamp

Descrever e analisar projetos de pesquisa e de extensão comunitária ligados aos Direitos Humanos na Unicamp sob o ponto de vista de produção e disseminação de conhecimento. Este foi o objetivo do trabalho de pesquisa de Thais Dibbern, que defendeu sua dissertação de mestrado em 2019, junto à Faculdade de Ciências Aplicadas. Orientada pela professora Milena Serafim, a pesquisadora também aplicou um questionário aplicado junto a docentes envolvidos nestas atividades, recorte do artigo publicado no periódico “Cadernos de Pesquisa”, da Fundação Carlos Chagas (ed. 178, 2020). “Cerca dos 80% dos participantes indicaram entraves no desenvolvimento de pesquisas e práticas de extensão em Direitos Humanos, embora esse seja um compromisso social assumido pela Universidade”, explica Thais. 

A pesquisadora também observou que grande parte das iniciativas vieram da área de humanidades ou interdisciplinares, sendo que muitas das ações partiram de grupos de pesquisa. “Os direitos humanos aparecem de forma mais frequente em projetos de extensão comunitária, cursos de extensão e eventos. Tanto documentos como questionários apontam que as iniciativas podem ser ampliadas, inclusive em outras áreas do conhecimento”, explica.

Thais começou a se interessar pela conexão entre educação e direitos humanos durante sua graduação em Gestão de Políticas Públicas, pela Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Unicamp, onde defendeu seu mestrado em 2019. A escolha pelo tema da dissertação aconteceu no momento em que a Unicamp, em 2017, aderia ao Pacto Universitário pela Promoção do Respeito à Diversidade, da Cultura da Paz e dos Direitos Humanos, bem como, no ano seguinte, a institucionalização do Observatório de Direitos Humanos. Thais pesquisou o ensino na Unicamp dentro de um recorte temporal: 2006 a 2017, a partir da criação do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH).

O AC/SIARQ foi uma das fontes de dados para a pesquisa de ações, convênios e projetos. “Selecionei 80 palavras-chave para fazer as buscas, que se basearam essencialmente em processos. Sem a fonte documental do Siarq, certamente minha investigação estaria defasada”, comenta Thais, que atualmente é doutoranda em Política Científica e Tecnológica, junto ao Instituto de Geociências da Unicamp, e foca seus estudos sobre produção do conhecimento em Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Arte Post Thais Dh

Açúcar e Café: ambiguidade de Raízes do Brasil

Artigo: Açúcar e Café: ambiguidade de Raízes do Brasil” (Revista Lua Nova – revista de cultura e política: “A Democracia Necessária”, ed. 133)

Discutir a dimensão política e impactos de “Raízes do Brasil”, primeira obra do ensaísta e historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), sob o ponto de vista da sociologia, considerando a origem social e geográfica do autor. Esse foi o objetivo central da pesquisadora Monica Isabel de Moraes, do Departamento de Sociologia da FFLCH/USP, ao escrever, em parceria com seu orientador, professor Luiz Carlos Jackson, o artigo Açúcar e Café: ambiguidade de Raízes do Brasil”, a edição nº 133, de 2021, que compõe a revista Lua Nova – revista de cultura e política:“A Democracia Necessária”. O periódico, publicado pelo Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (Cedec), faz reflexões sobre temas políticos e culturais. 

No artigo em questão, que partiu da dissertação de mestrado defendida em 2017, a pesquisadora recompôs, brevemente, a trajetória social e profissional do ensaísta e historiador, sugerindo que SBH, em “Raízes do Brasil”, teria produzido um argumento central com desfecho ambíguo, o que estaria relacionado à sua origem social, familiar e geográfica. “Raízes do Brasil” foi publicado em 1936, como primeiro volume da coleção Documentos Brasileiros, pela Editora José Olympio. Desde então, diversas edições da obra foram publicadas com alterações. Em 1969, em especial, “Raízes do Brasil” ganhou um novo significado e ritmo de publicação, a partir da edição com prefácio de Antonio Candido, crítico literário e professor da USP, que deu à obra uma leitura política, incorporando uma orientação progressista e a favor da democracia no país. “Entender as condições sociais que levaram o autor a produzir a obra, e como ela impactou as noções de Nação e de identidade nacional elaboradas pelo senso comum, são aspectos que compuseram a pesquisa”, explica a socióloga.

Monica realizou pesquisas no AC/SIARQ para redigir a dissertação. Buscou como fonte documental para seus estudos o Fundo Sérgio Buarque de Holanda (Fundo SBH), um dos mais procurados do órgão. Com mais de 2700 documentos, o Fundo conta com o arquivo pessoal do autor, além de rascunhos, esboços e anotações que abrangem sua produção científica.  O trabalho foi premiado no ano seguinte, dentro do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, além de ser indicado para prêmios Anpocs (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais) e Capes. A pesquisadora discutiu as origens e possíveis significados das duas edições de “Raízes do Brasil”, datadas de 1936 e 1948, recompondo a trajetória social e intelectual do ensaísta, períodos de recepção crítica do livro e confrontação das duas edições. “As mudanças realizadas por SBH precisam ser compreendidas também a partir de transformações históricas de grande impacto ocorridas entre as publicações das edições, como contextos de pós-guerra e de democratização”. A obra sedimenta a ambivalência da origem social e geográfica do autor, entre burguesia e oligarquia, entre Nordeste e Sudeste, entre dois modos distintos de refletir sobre nossa formação histórica e social e as possibilidades de transformação.

Tese busca analisar a formação de SBH como historiador

Sob orientação do professor Luiz Carlos Jackson, Monica está atualmente na fase de redação de sua tese de doutorado, também sobre SBH. “Por meio dos documentos do AC/SIARQ, foi possível observar, por exemplo, relações com outros estudiosos de sua época. No caso específico desta tese, as dezenas de cartas trocadas com o bibliófilo Rubens Borba de Moraes têm sido fundamentais para compreender o estímulo que Sérgio recebeu para adentrar, de fato, no campo da historiografia, a partir da década de 1940”, comenta Monica. A pesquisa, por meio de três obras de SBH, “Monções” (1945), “Caminhos e Fronteiras” (1957) e “Visão do Paraíso” (1959), busca compreender a constituição de SBH como historiador, a partir de seu retorno à cidade de São Paulo e ingresso como professor da USP. Ali passou a trabalhar com método de pesquisa histórico e acadêmico, o que não acontecia em sua fase como ensaísta. 

Foto_Monica_SBH

CONTATOS DO SIARQ

Arquivo Central do Sistema de Arquivos - SIARQ
 Horário de Atendimento:
    De 2ª a 6ª feira - das 8h30 às 17h30

SIGAD-UNICAMP (Processo em papel, Processo Digital, Atos-Administrativos)
  protcent@unicamp.br
  Chat: protcent@unicamp.br  
 +55 19 3521-6449
   

Consultas e/ou informações do acervo histórico:
  acervoac@unicamp.br
 +55 19 3521-6457

Administrativo:
  siarq@unicamp.br
  +55 19 3521-6440 / +55 19 3521-6456

  Praça Henfil, 50, Cidade Universitária "Zeferino Vaz", Barão Geraldo, Campinas - SP - Brasil, 13083-895

Click to listen highlighted text! Powered By GSpeech